98. O medo e as fobias 2
11/08/2020
Para todos os problemas citados aqui o tratamento é o mesmo: psicofármacos e, principalmente, psicoterapia analítica ou outra possível. A paciência deve ser cultivada por todas as partes que estão envolvidas. No momento, vou enfocar o território até absurdo das fobias. Vamos considerar os medos absurdos, que não têm lógica razoável e que, assim, fogem do contexto entendível.
Qualquer objeto ou situação pode desencadear as situações fóbicas que costumam obedecer aos ditames poderosos e estranhos do inconsciente descobertos por Freud. Aqui, as associações linguísticas influenciam a situação real, mas sabemos das inverdades consideradas por razões até óbvias. Porém, a pessoa sofre e muitas vezes também faz sofrer. Nomes gregos numerosos já foram atribuídos à fobia, para se acreditar na compreensão dos aspectos envolvidos. É, conforme sabemos, muito enganoso o simples ou até complexo nome usado para expressar os conteúdos conflitantes causados nos transtornos fóbicos. Tantos nomes podem não explicar quase nada. São apenas nomes.
Nas situações fóbicas, existe o predomínio da ansiedade, principalmente psíquica, mas é possível que o próprio corpo também participe. Elas associam-se com outros temores secundários e existem alguns fóbicos que têm até mesmo medo de enlouquecer. Fantasias e enlouquecimento são muito mais comuns do que poderíamos imaginar. Os palpites das pessoas não costumam ocasionar melhora. As vítimas sentem-se perigosamente ameaçadas e, às vezes, com certa ansiedade antecipatória. A maioria dos transtornos fóbicos é mais frequente nas mulheres. A fobia social é mais comum entre os homens. As fobias específicas mostram com maior clareza o mundo representacional. Às vezes, todo tipo de fobia pode evoluir para o terrível mundo psicótico. Muitas neuroses são mistas e apresentam várias possibilidades de sintomas.
Já foi mencionado que os próprios pacientes tendem a construir as condutas de evitação e, deste medo, tentam permanecer na zona de conforto, que se assemelha muito com a normalidade. Claro que devemos estar sempre atentos a qualquer estado de ansiedade que possa evoluir ou até esconder outros problemas psicanalíticos bem mais graves e merecedores de mais tratamento. Também sabemos que muita ansiedade pode ser somatizada em qualquer órgão humano. Aí, estamos no âmbito da chamada medicina psicossomática. Deve existir algum órgão mais suscetível e, portanto, mais vulnerável para a somatização do conflito psíquico envolvido. Ou seja, é muito comum que exista a complacência aqui de tendências orgânicas misturadas a aspectos psicológicos envolvidos.
É oportuno levar-se em conta que o medo pode alterar a irrigação em algumas áreas cerebrais. As amígdalas cerebrais e o sistema límbico podem sofrer algumas alterações fisiológicas, dificilmente estruturais. Aqui, é como se toda a estrutura de um relógio estivesse conservada, mas ele adianta ou atrasa seguindo uma função alterada por algum aspecto emocional. O cérebro, nosso fantástico relógio, pode estar adiantado, parar ou atrasado. Deve-se apenas colocar energia, pois o mecanismo está, em geral, apto a funcionar melhor.
Conforme estamos observando e narrando, os sintomas fóbicos, somatizados, as fibromialgias e os transtornos somatoformes são muito semelhantes.
Na próxima semana o texto tratará de um assunto tão comum nos dias de hoje: estresse.
FRATURA EXPOSTA
O poeta quis e quis versos.
Eles quebraram-se.
O muro era muito alto.
As rimas, altíssimas.
O silêncio e o branco.
Os mandantes cheios de passado.
O papel mudo.
Tercetos, quartetos impossíveis.
Soneto trôpego.
Cheio de passado.
Ego ridículo, perdido na estrada.
Caminho, nenhum.
Nada.
Futuro e presente impossíveis.
O poeta insiste.
Muitas vezes resiste.
Quis e não quis versos.
Vivendo estranhos universos.
(poema de minha autoria)
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