95. Psicossomática 1
21/07/2020
Já foi mencionado que alguns fatores múltiplos estabelecem as estruturas psicogenéticas das psiconeuroses. A psicogênese sempre indica que existem conflitos internalizados em cada indivíduo, e o inconsciente deseja, ao mesmo tempo, manter-se e se expressar. Uma parte é recalcada e a outra produz os inúmeros sintomas observados. Existem cadeias associativas para manter o incompatível, o desconhecido e possibilidades sintomáticas de expressão. Vejam novamente a luta interna entre fatores positivos e negativos. Existe aqui envolvimento do psíquico e do corporal.
Sintomas fóbicos permanentes e outros criaram no inconsciente um mundo paralelo e pleno de tantas contradições, como venho enfatizando.
Já mencionei o fato de que na histeria, tanto a conversão como a dissociação alteram somente algumas funções e os tecidos ficam praticamente preservados, ou seja, não se encontra nada tecidual ou orgânico. É oportuno lembrarmos que as conversões e/ou dissociações podem provocar alteração nos tecidos do indivíduo. Cadeias associativas inconscientes podem ser somatizadas ao produzirem alterações. Não há em Freud referência específica à medicina psicossomática. Porém, em vários trabalhos é visível existir algo no inconsciente que permite modificar alguns tecidos e funções no organismo e, assim, gerar doenças específicas, nas quais os transtornos psíquicos somam-se com alterações orgânicas e produzem as chamadas doenças psicossomáticas.
Conforme o estudo clínico evidencia, existem alguns sintomas pequenos e localizados que não permitem diagnosticar uma doença mais grave e extensa, com uma estrutura mais acentuada e que cria problemas para o ser humano. Logicamente, a existência de alterações mais profundas e certa cumplicidade orgânica ocasionam a doença psicossomática e tantos sintomas que alteram o comportamento dos indivíduos. O inconsciente e alguma alteração no corpo originam um transtorno até significativo no suceder humano, mas desde as pequenas somatizações até aquelas que nos prejudicam muito e alteram órgãos importantes nas pessoas. Alguma somatização irá revelar um transtorno psicossomático.
É comum observar-se que, em alguns indivíduos, não parece haver uma expressão afetiva. São predominantemente seres racionais e imunes às doenças frequentes do dia a dia. Para eles, às vezes até grandes executivos, não existem problemas emocionais que não possam ser modificados pela inteligência dos gestores. E, assim, eles vão administrando de maneira brilhante as próprias vidas. No entanto, é claro que isso, em essência, não me parece tão verdadeiro assim. Parece óbvio que aqui nesses contextos a poesia seja pobre, inclusive em significações. O poder reflexivo parece dar conta de tudo, mas os corpos padecem e os indivíduos sofrem. Desse modo, o pensamento operacional vai fazendo suas vítimas. Pensam muito e pouco significam.
Diabetes, asma brônquica, enfisema... e muitas vezes o componente emocional é pequeno e a tendência genética é grande. É claro que algumas vezes o emocional é poderoso e obedece ao inconsciente da nossa psicologia freudiana. Contudo, quase sempre existem os dois lados a favorecer alterações no comportamento. Corpo e psiquismo estão fabricando sintomas e o pensamento operacional é pobre em metáforas, mas muito racional.
Se fôssemos apenas kleinianos, poderíamos pensar que nesses indivíduos há sempre uma mãe má, pré-genital, que se encontra interiorizada neles. Eles são perseguidos de dentro, por algo que ameaça seus corpos e produzem assim muitos sintomas, que surgem do conflituoso mundo interno.
Na próxima semana abordarei “Psicossomática 2”.
CERTA VIDA
Só é doce no embate vencido.
A vida com chocolate,
cachorrinho que late,
na beleza escarlate.
Arte bem suave.
Até mesmo disparate
Cantam impossibilidades.
A esperança, hoje estandarte,
caminha perto de mim.
Assim se deve percorrer
até diabólico festim.
Ruas e avenidas da
vida com chocolate,
ultrapassando disparate,
vencendo o combate,
o doce fica no fim.
(poesia de minha autoria)
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