92. Transtorno do espectro autista
30/06/2020
Narraremos vários transtornos de interação social que costumam atrapalhar as relações humanas e criam possibilidades estranhas de “vínculos" que não obedecem a regras já muito conhecidas. O interesse pelo outro costuma ser restrito, estereotipado e repetitivo.
Na Síndrome de Asperger, a cognição está preservada e não há atraso no desenvolvimento da linguagem, sendo mais comum em meninos. Na Síndrome de Rett, faltam os movimentos nas mãos e a mastigação é prejudicada. Existe grande descoordenação motora e pode haver crises epiléticas, o que revela um comprometimento neurológico evolutivo. Até musculação hipotônica, “sorriso social”.
Nesses quadros graves, pode existir autismo, inclusive infantil, e até demência. Às vezes, existem convulsões epiléticas que sugerem um cérebro organicamente ameaçado.
Vamos lembrar que os pacientes sofrem e fazem sofrer. Assim, vamos tratá-los em seus múltiplos sintomas. Ajudar os pais, a família, o paciente na escola e assim por diante. Em geral, é necessária psicoterapia, antipsicótico, muito diálogo e muitas explicações. Hoje, existem várias instituições e programas de ajuda aos autistas e seus familiares. É claro que se necessita, nesse contexto, de um psiquiatra infantil e, às vezes, até de um neurologista. A diferenciação entre esses vários autistas obedece a critérios que os individualizaram e são necessários para os devidos tratamentos, sempre complexos, difíceis e prolongados. Portanto devemos levar em conta que existem vários tipos de doença autística.
Os sintomas presentes em várias modalidades, com alguma diferença, hoje denominam-se Transtorno do Espectro Autista (TEA), porque sempre reúnem dificuldades para comunicação verbal e corporal, o que torna mais difícil o contato com outros. indivíduos Existem, também, movimentos repetitivos e até estereotipados e, conforme já foi enunciado, comorbidades nas quais ocorre diminuição do coeficiente intelectual, ou seja, o QI. Muitas vezes, observam-se convulsões epiteliformes.
A etiologia corresponde a 80% de aspectos genéticos e 20% de causas ambientais e familiares. O sexo masculino representa a grande maioria dos casos, na proporção de quatro meninos para cada menina. Os sintomas, que começam precocemente, no primeiro ano de existência, devem ser tratados com antipsicóticos, associados sempre com terapia comportamental. Existem algumas revistas sobre o assunto, bem como bastante divulgação desses transtornos tristes e frequentes que acometem as crianças no mundo todo.
Estima-se que, apenas no Brasil e em suas universidades, existam quase dois mil autistas, um número bastante significativo. É oportuno lembrar que um autismo leve pode gerar prodígios, quando são hiperfocados em algo importante.
Em geral, apresentam movimentos esteriotipados das mãos, pulos, gritinhos, mastigam muito, roem objetos e permanecem na maioria das vezes hiperexcitados. Chegam a produzir autolesão. Os dedos são visivelmente machucados. As expressões faciais repetidas não costumam expressar alegrias. Observados com atenção, mostram-se indivíduos tristes, independentemente da idade. O desenvolvimento não costuma ser bom. Sofrem e expandem esse sofrimento aos outros indivíduos próximos.
No momento, farei algumas narrativas acerca da agitação em crianças, principalmente, e em adolescentes. Já foram mencionados aspectos e considerações diagnósticas e terapêuticas no Transtorno do Espectro Autista, para a diminuição da sobrecarga sensorial articulada com a expressão linguística e os movimentos inadequados.
No Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que diminui a autoestima e prejudica os relacionamentos sociais, indica-se medicação na ajuda para acalmar os pacientes, sem prejudicar evidentemente o sono. Os remédios devem ser utilizados com muito cuidado, até porque nada ainda foi aprovado de modo evidente. A difenidramina, por possuir propriedades anticolinérgicas, pode estimular os transtornos delirantes. Portanto, devemos utlizá-las com muito cuidado.
No Transtorno de Estresse pós-traumático (TEPT), devemos utilizar os benzodiazepínicos, com o cuidado necessário para que as crianças não vivam dopadas e não se alterem tanto seus necessários e importantes reflexos, utilizados inclusive para a própria educação.
Quando uma criança sofre um episódio de mania bipolar, os riscos de agitação são bem maiores e o diagnóstico é complexo, requerendo um levantamento diferenciado da história do paciente. Devem ser utilizadas as medicações apropriadas para diminuir e até suprimir a agitação, como ocorre nas situações maníacas dos adultos.
É claro que existem várias outras causas clínicas para agitação e até hipercinesia em crianças pequenas e adolescentes. Tanto na intoxicação quanto na abstinência de drogas psicoativas, tais como álcool, opióides e metanfetaminas, tudo pode ocorrer, principalmente em adolescentes. E, é claro, não se pode excluir dessas histórias os aspectos de uma agitação que produz efeitos desagradáveis.
Tanto nos delírios, como em lesões traumáticas do cérebro, pode ocorrer agitação e ansiedade. Deve-se lembrar alterações metabólicas mais graves, diabete, insuficiências hepática ou renal e tireotoxicose, como em outras infecções, como encefalite e meningite, e até problemas autoimunes podem afetar o psiquismo e produzir agitação e ansiedade. Dessa forma, tudo isso merecerá o devido tratamento, levando-se em conta a possibilidade de um exame neurológico ou de um psiquiatra infantil.
Na próxima semana o texto será sobre o trabalho do negativo: pulsão de morte.
MINORIA
Sou minoria permanente?
Por enquanto, não ria.
Bom ser representado.
Num dia,
com aceitação.
Nenhuma concordância há
nessa difícil ação.
Só aceitação.
Sou minoria.
Perdi tanto.
Não alegria.
Não tenha vida vazia,
nem barriga vazia.
Isso ainda não aceito.
E pouca gente aceitaria.
Sou minoria.
Um dia talvez,
você sorria,
ao administrar
sem ironia,
um mundo mais rico e
com menos hipocrisia.
Sou minoria,
sempre fui minoria.
Há muito chororô solto,
mas nenhum gato só mia.
(poema de minha autoria)
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