90. Luta de classes: pandemia, violência social e racismo 1
16/06/2020
Existe uma crise institucional no Brasil. Às vezes, é exacerbada e às vezes, negada ou diminuída. Conforme veremos, dessa crise decorrem racismo e diminuição da luta contra doenças, até letais, que acometem os seres humanos.
Entre os três poderes da República existe alguma instabilidade ao menos temporária e das mais variadas profundidades. Não é necessário vermos uma clara evidência com a força dos mísseis, com os tanques nas ruas, com a atuação significativa das Forças Armadas. Foguetes e aviões com bombas, com fuzis modernos e equipados com outras forças associadas à violência ainda não são amplamente comercializados, e isso é muito bom. Porém, a harmonia equilibrada entre o Executivo, o Congresso e o Judiciário sofre ataques periódicos pelos seus líderes. É tempo de harmonia e delicadeza e não para conflitos.
Os conflitos humanos, como já foi visto, são próprios da relação entre vida e morte, ou Eros e Tânatos, da mitologia grega. É claro que isso tem de pertencer apenas ao nosso mundo interno. Nunca podemos expressar isso para a sociedade. É claro, também, que os conflitos são inevitáveis, mas deveria existir punição e justiça fortes o bastante para entendermos as consequências reais que possam diminuir as diferenças entre os sistemas que abalam qualquer democracia representativa. Justiça, punição e liberdade devem prevalecer sobre os conflitos tão negativos em qualquer civilização.
Observa-se que nos países mais pobres esses conflitos costumam ser mais poderosos, porém nem sempre as coisas são tão simples assim. Tudo costuma ser mais complexo. Quando uma pessoa segura a porta do elevador ou outra às vezes fura uma fila, ou quer estacionar em local proibido, isso tudo mostra um egoísmo que prejudica os demais. Esse egoísmo, claro, não parece ser tão grande. Porém não dá para negá-lo. É bem necessário sempre o aperfeiçoamento dos sistemas democráticos, porque pequenos atos não podem gerar alta punição, porém até esses atos devem ser mais justos. Os outros indivíduos devem ser respeitados. Imagine, leitor, os graves delitos realizados por líderes, pessoas "fortes"?
A democracia deve ser cotidiana e muito melhorada. Isso é difícil, mas devemos sempre fazer a nossa parte. Mesmo sabendo que esse contexto é absolutamente complicado. É um contexto de vida e morte que assola o nosso cotidiano e, infelizmente, o cotidiano de cada uma das pessoas envolvidas ou existentes no planeta.
Devemos sempre reagir às leis absolutas que existem. Devemos fazê-lo sem perder a esperança de um mundo melhor, que depende até muito pouco de nós, mas deve ser modificado de alguma forma, sem violência, sem força.
Não podemos esquecer que os conflitos humanos entre vida e morte atingem nossos líderes políticos e os de todas as instituições existentes. É óbvio que líderes podem muito mais que indivíduos e em geral fazem muito menos que cada um de nós. Desse modo as doenças com agentes epidemiológicos definidos e o racismo sofrem auxílio, de modo muito nocivo para a c civilização atual, inclusive para os agrupamentos indígenas.
Vamos escrever um pouco sobre a Covid-19. Hoje, os indivíduos infectados são quase um milhão e os que morreram foram mais de 46 mil, apenas no Brasil. É oportuno lembrarmos que não são feitos testes efetivos, até os mais simples. Isso facilita uma imensa subnotificação. Algumas dúvidas não existem hoje: para cada óbito de classe média/alta existe mais de 10 entre os pobres.
O novo coronavírus dissemina-se dos centros metropolitanos para a periferia. Trata-se de um exemplo claro da diferença crônica de classes sociais. Marx nem precisou demonstrar no seu grande livro "O Capital" essas diferenças de classe, ou seja, a classe daquelas pessoas que podem mais e a classe dos que não podem praticamente nada, a grande maioria. Os dados mostram com evidência que existe uma minoria de ricos e uma grande maioria de pobres com pequena concentração de renda. Tanto o comunismo como o capitalismo não deram conta e até produziram essa enorme diferença entre classes sociais, hoje são muito expostas por determinação da vida e morte pela Covid-19.
A maioria das pessoas escapa de qualquer problema, ou apenas parece escapar de qualquer problema. É claro que sofrem indiretamente alguma ação dos problemas existentes no mundo civilizado. Uma pequena parte irá para os hospitais, UTIs e usará respiradores. Isso tudo em qualquer parte do planeta, que sofre com economia de mercado e agora também sofre com a pandemia, que maltrata, na proporção já descrita, os indivíduos com mais ou menos poder econômico e social.
Existem doenças que atingem mais os pobres. As vacinas são utilizadas pelo poder público, mas, como se sabe, alguns indivíduos não se imunizam porque são contra. H1N1 é muito utilizada no Brasil, mas existem pessoas que não tomam essa vacina todos os anos, mesmo sabendo que os vírus que estão contidos nessa vacina sofrem mutações, e alguns indivíduos nunca tomam. Ademais, algumas religiões não permitem o uso das vacinas. A ignorância também não. Assim, infelizmente, vamos caminhando em um mundo cada vez mais complexo, contraditório, cheio de opostos e cheio de contradições entre a vida e a morte.
Qualquer cidade do Brasil com cem mil pessoas possui casos de Covid-19, tendo ou não óbitos. Nas favelas, onde a concentração de pessoas é grande, a transmissão do vírus é intensa. Por destino biológico, a Covid-19 costuma não ter muita letalidade. Como não possui também sintomas evidentes, é claro que a sua transmissibilidade acontece em praticamente todos os lugares em nossa civilização. Isso dificulta bastante até a produção e a utilização de vacinas próprias para combater a doença.
Na semana que vem seguirei com esse tema.
RELÓGIO QUEBRADO
Peito sem respiração.
Tudo dormente.
Calmaria absoluta.
Só lá fora movimento.
Paralisia estranha.
Fim sem recomeço.
Vida sem momento.
Vida sem história.
Memória sem parlamento.
Lembranças ausentes.
Eternidade.
Relógios e calendários
transparentes.
Eternidade e momento.
Parado movimento,
tormento de ausência.
Rodas paradas.
Passo gigantesco.
Tempo sem relógio,
nostalgia sem tic-tac.
Ruas levando ao nada.
Pernas paralisadas.
Instante, só instante.
O eterno gravita.
Nada palpita.
Até a alma parada.
Braços frios.
Só e muito só
o terrível coração
de tantos instantes.
Poesia de minha autoria
.png)


