83. Fibromialgia

28/04/2020

Gostaria de deixar bem claro para você, leitor, que essa enfermidade virou moda nos tempos atuais. Ela corresponde à doença do antigo poliqueixoso, que apresenta em qualquer lugar do corpo (e isso é intercambiável), dores, contrações musculares e, muitas vezes, queixas hipocondríacas associadas.

O diagnóstico, também feito pela história clínica do paciente e sintomatologia diversa, costuma ser até difícil, pois parece qualquer enfermidade, e hoje o Google da vida auxilia as dificuldades ao “substituir” o médico. Para mim, existe nesse transtorno, além de complacência somática com marcas profundas no psiquismo, certo simbolismo, que, por cadeias associativas, pode explicar bastante sobre os elementos envolvidos.

Os quadros depressivos até graves podem estar ocultos nessa doença e promovem muitas vezes sua origem. Metade dos casos apresenta tristeza, com as pessoas parecendo não quererem viver, incluindo ansiedade e autoestima baixa. Vivem isoladas e devem ser tratadas da depressão e angústia. Psicofármacos já descritos, muitas vezes pregabalina, e, claro, ansiolíticos. Os pacientes também vivem sentindo-se culpados, e é necessário fazer alguma psicoterapia associada sempre com atividade física. Essas pessoas, em geral, mostram-se muito sedentárias. Os movimentos corporais parecem estar paralisados.

Parece óbvio que os pacientes devam mudar muita coisa em sua vida e vencer, pelo menos em parte, o isolamento e a depressão. Devem aceitar, e isto é bem difícil, que merecem viver de um modo melhor. Vivem mal e, claro, fazem sofrer os que estão próximos deles.

Temos sempre de observar que, muitas vezes, a fibromialgia é apenas uma defesa psicológica e logo emerge uma verdadeira depressão, até grave. O sentimento de culpa fabrica essas tristes pessoas. Como se sabe, qualquer parte do corpo pode reagir simbolicamente ao produzir sintomas. Na fibromialgia, os sintomas são sempre múltiplos e aparecem espalhados pelo corpo orgânico. No psiquismo, ansiedade e também depressão.

É mais frequente nas mulheres entre 40 e 55 anos. Existe uma tendência genética, bem como acontecimentos graves na vida dos indivíduos (os neurotransmissores cerebrais devem estar envolvidos e fazem de modo ruim a ligação entre os neurônios: nas sinapses). Ainda não se conhece bem a causa desses neurotransmissores estarem alterados,

Como o próprio nome indica, existe dor em geral em vários conjuntos musculares, associada com formigamento ou dormência. Cansaço ou insônia também ocorrem com frequência. O sono não costuma responder com as energias gastas, ou seja, esses pacientes não conseguem, mesmo em uma noite bem dormida, acordar próprios para a vida.

Conforme já narrei antes, os pacientes devem, se necessário, utilizar antidepressivos, pregabalina, indutores de sono e ansiolíticos. O mais importante, penso, deve ser psicoterapia e atividade física. Mudar de vida é básico e fundamental.

A mesmice nos cotidianos não costuma produzir esperanças para uma vida melhor. O sofrimento, às vezes, parece um castigo originado de culpas inconscientes.


Nas próximas semanas escreverei sobre as psiconeuroses.