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80. "Quadros" depressivos e manias 2

07/04/2020

Nos quadro maníacos, tudo relacionado ao afeto está exacerbado. O indivíduo em geral está ansioso e acelerado. Autoestima aumentada. Parece que o ego e o superego, agora juntos, expandem-se numa proporção quase ilimitada. Prazer e energia bem elevados. O indivíduo fica dias e noites agitado e agitando. Fala muito, não existe momento algum de quietude. Ativo, mete-se em tudo de modo extremado. Em casa, mexe em tudo. Na rua, compra tudo. Interage só narcisicamente. O outro não existe e é só projeção de um ego idealizado e soberano. Difícil abordagem.

Seus familiares buscam o psiquiatra. Procuram internação. Os vitimados não querem ajuda, pois são onipotentes e sadios nesses narcisismos exagerados e não interditados. Os sintomas psicóticos estão muito próximos ou até mesmo presentes, nessa situação de muita onipotência.

Em situações mistas, existe a já mencionada bipolaridade. O paciente apresenta momentos de tristeza associados com instantes de euforia. Alguma transição entre triste e euforia existe em cada um de nós. Há algum tempo, foi expandido o conceito de transtorno afetivo bipolar, conforme já narrado anteriormente.

Tanto a mania como a depressão são episódios acentuados. A pessoa necessita ser barrada para não causar tantos conflitos a si própria e ao outro, pois não dorme e sua energia parece não ter fim. No episódio depressivo, permanece acamada e, se não for alimentada, vai definhando. O transtorno afetivo bipolar costuma ser grave e assim necessita de muito tratamento. Todos nós podemos nos alegrar com coisas boas ou nos entristecer com histórias conflituosas e precárias. É claro que isso não significa um transtorno bipolar, que é grave, como temos enfatizado. Parece estar associado com um suceder psicótico.

Tendo em vista a hipomania, devemos considerar como anormalidades persistentes que não são acompanhadas por sintomas psicóticos. O humor costuma estar exaltado e persistente, mas é abaixo dos estados maníacos. Atividade laboral em geral ameniza os transtornos desagradáveis, apesar da discreta exaltação, pois os pacientes não alucinam e não deliram.

Na chamada ciclotimia, encontramos certa habilidade de humor, a oscilação entre depressão e hipomania. Os sintomas são crônicos e recorrentes e nada é tão exagerado, mas o indivíduo é diferente, parece estruturado de outra forma, que vai se verificando ao longo de outros encontros. Às vezes, utilizamos estabilizadores de humor quanto existem flutuações neste sentido, na maioria das vezes sem causa determinante visível. Existem, hoje, medicamentos estabilizadores que também têm ação contrária aos delírios e as alucinações.

A distimia muitas vezes segue o indivíduo por toda a vida e corresponde ao que chamamos de mau humor. É claro que parece muito relacionada à depressão clínica, endógena e orgânica. A pessoa apresenta certa irritabilidade, ansiedade e tristeza moderadas. A psicoterapia analítica pode ser bastante útil, como nos outros transtornos do afeto ou do humor.

Você que me acompanha nessas narrativas, perceba que coloquei aspas na palavra “quadros", pois transtornos ou psicose maníaco-depressiva, dentre outros conceitos já enunciados, obedecem ao diagnóstico do ser humano, sempre único, individualizado e livre, que escapa dos nomes estabelecidos pelo próprio homem (no caso, os psiquiatras, organizados em associações, bem conhecidos).

No discorrer de tantos textos, é evidente que somos maiores que todo conceito e ultrapassamos o equívoco do aprisionamento racional e chamado de verdadeiro. As verdades não costumam existir nem nas inúmeras teorias científicas. Também, é claro, que não podem existir em nenhum outro setor do desenvolvimento humano relacionado ao saber.

A depressão infantil varia entre 0,4% e 2,5%, e atinge cerca de 6% dos adolescentes. É mais comum em meninas, pois existe associada com as menstruações. Também é comum para ambos os sexos o uso de álcool e maconha que complica mais ainda a vida de todos. A ideação suicida aumenta e alguns chegam lá. Já na velhice associa-se a problemas cognitivos relacionados com riscos vasculares e metabólicos. Demência e depressão também caminham juntas. Os psicofármacos são tão importantes como a psicoterapia. Ou seja, psicoterapia e medicamentos devem, muitas vezes, ser utilizados nos tratamentos.

Caro leitor, o alcance dessas narrativas é amplo e, portanto, o diagnóstico torna-se bem difícil. Como sempre, não existem doenças e sim os doentes, de modo muito individualizado e único. Como se sabe, nós os chamados normais e equilibrados apresentamos muitos traços de um suceder psico-patológico. Assim, o cuidado deve ser necessário, bem como muito conhecimento.


Na próxima semana versarei sobre o meio ambiente.

FOTOGRAFIA

Ter na mente.
Ternamente.
Tempos idos e presente.
Palavras inúmeras
e o ego contente.

Verdades fotográficas
do tempo ausente.
Dos seres fracos
os onipresentes.

E caminha serenamente
o instante da lente.
Nada de movimento
tudo estaticamente.

Se mente.
Só mente.
Outra a semente.


Carlos Roberto Aricó

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