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78. Feminismo 2

24/03/2020

Os pilares do feminismo no século XIX estavam vinculados a certa emancipação e luta sufragista. Poder votar com liberdade era projeto de continuísmo democrático. Cabe lembrar que o capitalismo sempre foi contrário às forças políticas associadas com alguns progressos libertários e emancipadores. Deve-se levar em conta que, até na atualidade, há resistências às mudanças do papel, posição e atuação das mulheres. Elas têm de continuar passivas e resistem pouco aos poderosos. O lucro objetiva, em quase todas as sociedades, o complexo crescimento do sistema capitalista. Com muito brilhantismo, no Rio Grande do Norte, escreve Telma Gurgel:

“Nos anos de 1960, principalmente em alguns países da Europa e nos EUA, as mulheres juntamente com outros segmentos sociais, como estudantes, jovens, intelectuais, operários, artistas, participam de grandes mobilizações populares que questionaram, primeiramente, todas as formas de autoritarismo, totalitarismo, colonialismo e ações militaristas sob a vida e dignidade humana.

O movimento conta com a forte influência do Segundo Sexo de Simone Beauvoir e sua famosa tese de que não se nasce mulher, torna-se mulher, também recolocou em cena a desnaturalização do papel social da mulher. Com a centralidade na questão do direito a dispor autonomamente sobre sua própria vida mediante apropriação de seu corpo”.

O Estado, assim como a família e a Igreja, não deveria criar e determinar o comportamento das mulheres. Desde as décadas de 60 e 70, os direitos ao aborto e a uma sexualidade livre tinham de ser repensados. O mesmo vale para outros direitos, como o da por exemplo a homossexualidade.

É bastante oportuno considerar que o próprio movimento feminista significou um processo de retorno à democracia verdadeira e, claro, da sociedade civil, sobretudo se existir alguma reflexão de que até hoje as mulheres são combatidas de muitas formas, inclusive, até com humilhações. Conforme já narramos anteriormente, escreve Telma Gurgel em texto bastante claro:

“O feminismo na América Latina tem teorizado sobre a autonomia levando em consideração três aspectos: 1- o reconhecimento do sistema patriarcal como estruturante da opressão e dominação da mulher; 2- a autodeterminação das mulheres como condição ontológica do feminismo como sujeito coletivo 3- a emancipação humana como princípio constitutivo do ser político feminista. O questionamento em torno da autonomia também se desenvolveu em torno do reconhecimento das diferentes opressões vivenciadas pelas mulheres e do seu núcleo comum que possibilita a construção de uma identidade coletiva”.

Necessariamente, é fundamental o aumento dos espaços próprios das mulheres, que, esperamos, não devem mais se sujeitar pacificamente à coerção nascida inclusive de um sistema ou regime neoliberal. É difícil a verdadeira liberdade. Precisa-se, em variados contextos, levar em conta a toxidade masculina, como já foi observado anteriormente, na extensão muitas vezes até sutil das estruturas patriarcais.

​Não se deve, é claro, transformar o movimento feminista em algo que encubra a luta de classes, peculiar ao sistema capitalista. Para a mulher que ocupa o poder, ou seja, a que manda, na grande maioria das vezes os homens pobres, os negros, as outras mulheres, permite que tudo fique como está. Nenhuma mudança a ser objetivada. Nenhuma mudança a ser feita. Tudo deve continuar exatamente como se encontra.

A mulher "mal amada" e a "mulher feia”, exemplos de lamentáveis estereótipos a serem repudiados da toxidade machista, são vitimas maiores do “establishment”. As conquistas não devem servir de exemplo para crescerem os direitos das mulheres e a injustiça dos homens. Nada de revolta, nada de civilização. Tudo deve permanecer assim. Mudança nunca. A revolução da esperança nunca.


Na próxima terça-feira será o texto será sobre "quadros" depressivos e manias.

NAS NUVENS

Tédio e agonia,
os artífices do poema
nesse insólito dia.
Escutam-se palavras
ritmadas ao leo.
Significação, altura do céu.
Mundaréu de letras
criam esse universo.
Agora se escuta o verso,
longe, perto, diverso.
Só um momento
sou o momento
pleno de harmonia,
estúpido movimento
nesse dia a dia.


Carlos Roberto Aricó

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