69. Elogia da loucura 2
03/12/2019
A velhice e a criança fazem contraponto com a imortalidade e são, em princípio, apenas uma parte de nossa loucura e, também, de nossa sanidade. Para Homero, a vergonha cega a inteligência e o medo obriga a inércia. Os filósofos históricos também são criticados por Erasmo.
A loucura natural no homem e muitos esquizofrênicos cria neologismos e apresenta certa reprovação do alfabeto. Aí, observa-se um conflito em Thâmus e Teúto, no qual, de alguma forma, se discute o papel da palavra que nos humaniza.
Jogadores, caçadores, fanáticos de qualquer tipo, negociantes, juízes, militares, brigas, conflitos e tantos outros elementos mascaram o conceito de loucura. Cômicos, músicos, poetas e filósofos podem usar a loucura de modo mais interessante, levando em conta a adulação e a vaidade. Esses, parece-me óbvio, lidam melhor com a loucura.
Erasmo procura e faz referências entre os sábios e loucos.
Merecidamente, desvaloriza os gramáticos e os falsários. Formalismos rígidos, nada admiráveis.
Deus e Cristo são muito diferentes dos escritos religiosos e teológicos. A fé é a substância da coisa esperada e que não aparece, disse São Paulo. Essa coisa tão esperada e tão difícil não costuma ser frequente, mas, ao mesmo tempo, não pode compreender tudo.
O poder do dinheiro foi bastante criticado por Erasmo. Os loucos quase nunca se apegam a esse poder falso. Isso é importante e mais uma razão do elogio à loucura, no qual os bens materiais não podem justificar os problemas do mundo.
É importante constatar a loucura existente em nosso mundo interior. Às vezes ela foge na normalidade e outras vezes é bastante ruidosa.
Ao escrever sobre os mistérios da psicose, Erasmo faz reflexão elogiosa como o temor observado desse saber paradoxal do louco, que também é profético e filosófico. Esse louco é, ainda, uma espécie de poeta e costuma ser abençoado.
No entanto é importante constatar que o louco certamente possui qualidades, mas vive em uma estranha e nociva estrutura. Sua liberdade é pequena e não consegue fugir do declínio tão nefasto.
Na próxima semana. encerrarei esse tema, no qual a loucura mostra algumas razões.
OLHAR
Olhar para cima.
Norte, estrelas,
espaço, sorte?
Olhar para os lados.
Mundo, pessoas,
tolos pecados.
Olhar para baixo.
Um caminho,
um chão.
O possível, a contramão,
pedaço de ilusão.
Olhar para dentro?
Não, não,
chega de olhar.
O tamanho é de vulcão.
Alma atônica,
plasma atômico,
nossa civilização.
Olhar para dentro?
Não e não.
atemorizante
perau sob água cristalina.
Olhar para cima,
o céu, o norte,
gravitando na esperança,
vida e morte na dança.
Claudica-se na andança.
Claudica-se, claudica-se.
(poesia de minha autoria)
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