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65. Esquizofrenia, uma estranha enfermidade 1

05/11/2019

Antes de mais nada, pretendo alertar cada leitor que os árabes foram decisivos na compreensão profunda dos estados psicóticos. No mundo ocidental, muita coisa no comportamento humano era atribuída à possessão diabólica e, assim sendo, muitos enfermos foram torturados ou até queimados para purificar a civilização. Os árabes viam na loucura algo bastante estranho, diferente, com associações alucinadas ou até mesmo delirante. Somente na atualidade a loucura é estudada de modo científico, mas, mesmo assim, com muito desconhecimento.

O leitor pode, com certeza, constatar que existe no indivíduo um outro, diabólico ou não, mas sempre capaz de alterar os comportamentos. O nome esquizofrenia proposto por Bleuler, a partir da psicanálise, diz respeito a uma cisão da alma, ou do psiquismo, que invade e divide esse ser humano perturbado e infeliz. Ele, agora, está dissociado, ambivalente, ansioso e procura explicação em um novo mundo paradoxal e bastante contraditório. O indivíduo vive dentro e fora de si em um lugar misterioso, mágico, paranoico. Sofre e faz sofrer os familiares, amigos e pessoas próximas.

Parece-me bem compreensível que esse indivíduo vive em uma realidade própria e íntima, mas faz suas interpretações da realidade objetiva como cada um de nós costuma fazer, com maior ou menor rigor epistemológico. O esquizofrênico tem medo do contato humano e busca, até com certo desespero, explicações para sua visão de mundo, agora alucinada e delirante. Fica menos ansioso quando consegue explicar dentro de si suas contraditórias e absurdas realidades. Cabe a nós, os psiquiatras e outros envolvidos, entendermos o que ocorre no psicótico. Só podemos inferir algum diagnóstico depois de vários contatos, lembrando que estes nem sempre são possíveis.

Pretendo escrever um pouco da história dos esquizofrênicos no famoso Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam, e em Foucault, quando ele relata a história de um criminoso bem antigo que é relido em outro psicótico, este menos criminoso e muito mais conhecido: Bispo do Rosário. Essas narrativas serão realizadas brevemente. Porém, antes disso, enfocarei outros aspectos na história dos vitimados pela loucura, a partir da atualidade psíquica e novas reflexões.

Já foi feito o seguinte comentário no âmbito do psiquismo: “Esquizofrenia é o nome de uma doença inventada pelos psiquiatras para atribuir aos pacientes que eles chamam de esquizofrênicos”. Lógica perfeita, em contexto surreal. Hoje, existe o chamado transtorno esquizofrênico para diagnosticar alguns psicóticos que inventaram outra interpretação do universo e utilizam interessantes neologismos para explicar dentro do mundo interno os caminhos e descaminhos da loucura, ainda insólita, frequente e plena de mistério.

Como já foi mencionado, o nome esquizofrenia foi utilizado por Bleuler para descrever uma cisão na alma, em grego, uma certa divisão do diagrama (frenos) que era habitada pela alma do indivíduo. O nome tem origem na escola de Zurich, por intermédio de Jung, discípulo de Freud. Este preferia usar sempre o nome do grupo como “demência precoce”, o que não correspondia exatamente aos fatos.

Muitos indivíduos não se tornariam demenciados, pois, na chamada paranóia, o quadro é tardio e geralmente não evolui para uma demência típica. A precocidade de algumas manifestações, como nos catatônicos e hebefrênicos, é evidente, mas não poderia definir os processos mentais a princípio envolvidos. Freud muitas vezes utilizou o termo demência precoce e não esquizofrenia. Voltarei ao tema posteriormente.


No dia 12/11 postarei a continuação do transtorno esquizofrênico, enfatizando a divisão do psiquismo humano, evidentemente linguístico.

NATUREZA

Tanta beleza no arco-íris.
Ultravioleta e infravermelho
colorido só por ausências.

As cores pretas ou brancas gravitam,
o mundo mexe-se,
nenhum auxílio de alavancas.

Luz fraca ou sombra
Certa dança triunfal, foge da lembrança.

Sonho igual realidade
... e uma cidade toda em dúvida,
dividida na dívida do ocaso.
Dádiva do acaso.

Poesia igual matemática?
Inteligência fantástica na informática?
Razões, opiniões, ... sugestão:
viver ou existir, eterna questão.

A natureza segue
independente de qualquer desejo humano.

No fundo, bem no fundo, uma
ordem desconhecida claudica e
corre, no vórtice ao tempo
cada vida escorre,
e o humano quase morre.


(poesia de minha autoria)

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