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63. Hermenêutica: a linguagem e o ser humano

22/10/2019

O ser humano é humano entre outros seres porque fala, tem linguagem, tem palavras e até escreve. E o humano sem palavras, sem o “poder” mágico da comunicação, sem conhecimento, sem a ordem da significação? Só o vazio, sem nada, volta a ser só orgânico, anatômico, fisiológico como os animais? Sem contato linguístico ele sobrevive como humano? Qualquer som ou sinal implica uma significação entre humanos ou do homem consigo mesmo? Tudo isso é muito difícil e estranho. Não sabemos e por enquanto vamos falando e escrevendo e até criando neologismos, palavras novas na ciência, na religião e na vida cotidiana.

Como é sabido pelos estudos dos filósofos, a dialética é um proceder complexo e, como tantos métodos, não explica tudo. A religião sempre criou os deuses ou apenas um deus. Verdade superior, contato com o desconhecido sublime, cósmico, eterno, sabedor até de segredos vinculados a outras instâncias. O segredo impossível, desconhecido, infinito, paradoxal.

A religião foi morta pelo ateísmo que, ao meu ver, parece criar outra religião, com outras regras, outros valores. A negação de Deus criou outra lei, com outros valores. A mentira e a ilusão têm hoje novas explicações. A origem da moral e da ética pode ser observada na vontade de poder dos fortes (Nietzche) ou no inconsciente e superego (Freud). Se eu preciso fazer alguma força para não acreditar em Deus, devo refletir sobre o ateísmo, também mágico. Apenas a negação de Deus. Outro lado da religiosidade. Dialeticamente, Deus ou religião contra ateísmo e ciência. A mesma moeda do homem primitivo e também do homem moderno.

Na religião possuímos instâncias que vigiam, julgam e condenam cada um nós. Muitas regras e até leis rígidas encontram-se nos textos sagrados. Sou ateu, graças a Deus é apenas uma frase que nos diz que no próprio ateísmo parece existir alguma significação bastante religiosa. Sou ateu por permissão de Deus. No meu mundo interno não posso matar o Deus da teologia. Serei castigado. Por medo da punição do castigo, buscamos a proteção divina. Eu costumo, ainda que rapidamente, pedir proteção, sorte, para as pessoas que amo.

O acaso, o azar e o castigo estão juntos e peço, leitor, sinceramente proteção mágica para que nada de mal aconteça. Tanto a acusação como proteção são pontos podres da religião e da filosofia. Mas, existe o medo do castigo. Tânatos e niilismo podem provocar punição divina. Isso certamente habita com força nossa alma. Caro leitor, qualquer interpretação do mundo pode ser modificada pela fé, ao romper qualquer dialética possível. Tanto o medo como o desejo podem sofrer diferentes críticas.

Saber iluminado ou resignação? E consentimento da dúvida? Ateu ou agnóstico? Ciência ou religião? Velhas e novas reflexões devem ser levadas em conta sem se profetizar nada. Não existe certeza alguma de nada. Insisto que a religião tem uma relação bastante arcaica do ser humano com o poder dogmático sagrado. Trata-se de uma religação com o desconhecido, transcendente e imaterial.

Existe no pensamento articulado aos aspectos religiosos, uma autonomia mágica que impele o homem à obediência face ao "superior" que vigia, julga e pune.


Na próxima semana o texto será sobre Hermenêutica, linguagem e utopia.

TRISTEZA

Verdades murchas.
Nada de estrelas.
Nem auroras.
Tudo sombrio, crepuscular.
Inocência obscura,
musa sem clemência.
Ausência e vazio.
Um mundo sombrio.

Na ciência crepuscular,
inocência sentida.
Onda dissonante.
Partida de violência,
idiota inclemência,
que partiu bem longe
do fundo das almas.
Onda dissonante em outro rio.
Amargando desengano
crepuscular o engano.
E bem no fundo da alma,
Há, fora, outra onda em outro rio.


(poesia de minha autoria)

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