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62. Hermenêutica: as palavras e as interpretações 1

14/10/2019

A hermenêutica procura a interpretação do sentido oculto por detrás do sentido aparente. Refere-se a uma significação própria para se compreender os símbolos envolvidos em cada contexto. Do nocional ao conceito existe no saber hermenêutico uma espécie de além do sujeito em sua historicidade própria e, desse modo, está no limite da exegese. Lê-se cada texto ou narrativa pensando sempre no “aquilo em vista de que”, ou seja, qual o desejo ou intenção para determinado texto.

A linguagem, a semiologia e a semântica buscam estruturar uma narrativa para produção de significantes usados para a epistemologia analisar os símbolos. Parece-me óbvio que cada sujeito é substituído por um símbolo determinado que pode sofrer interpretação e, assim, revelar certa verdade oculta. Em psicanálise, trata-se de tornar consciente o que era até então inconsciente, em uma revelação da qual emerge um sujeito.

Se tratando de ideologia, devemos pensar sempre no conjunto de associações linguísticas inter-relacionadas, que produzem certa significação que, evidentemente, pode merecer uma interpretação peculiar.

Já foi comentado antes que nós sempre estamos interpretando o mundo e até o universo, pois tomamos algumas posições e reagimos a partir desse nosso conhecimento. O desconhecido é uma ameaça e prejudica nossa zona de conforto.

Também já foi enunciado que as palavras apenas representam o mundo externo e a “verdade" talvez transcenda a tudo. Cada espelho da “verdade" é apenas mais uma interpretação especular de tudo. O espelho sempre reflexivo tenta falar das coisas, tenta nomear as coisas e assim vão se formando os contextos. Assim, também vamos criando uma maneira de ver o mundo, certa visão na maioria das vezes ideológica, realizada a custo de cadeias associativas próprias da linguagem que se utiliza. Alguma verdade penso que se produz, se sente e se cria um modo específico de reação. As dúvidas, entretanto, predominam. Liberdade, escolha, democracia, catolicismo, judaísmo, islamismo são apenas nomes e, portanto, apenas símbolos.

As palavras e até os conceitos apenas representam as coisas do mundo externo e não nenhuma verdade peculiar ao positivismo e outras escolhas, inclusive todas as religiões e também os seus dogmas.

É bastante complexo tudo aquilo que tenta escapar do orgânico, biológico, celular e carnal do ser humano. A linguagem estabelece nossas fontes para comunicação interna e externa. As palavras em si, como é de nosso conhecimento, não têm boa objetividade. São bastante imperfeitas. São apenas, como temos visto, representacionais e dizem respeito não só apenas as coisas representadas. E se não tivéssemos as palavras? Vitória do niilismo? Retorno ao mundo animal? Abandono dos símbolos, até os religiosos?

As palavras criam os símbolos e, assim, determinam a significação. Pai e filho são nomes originados no mundo externo. A psicanálise discute o nome do Pai, nome do Édipo. Tanto a vontade de poder como o desejo (Nietzche e Freud) discutem o fracasso ou a diminuição do poder dos símbolos.

Existem várias situações de propriedade dos sujeitos falantes: um verdadeiro contexto, um consentimento dos símbolos envolvidos. Temos em vista que o que dizem e querem dizer corresponde de certo modo com vontade de poder e vontade de desejo.

O contexto acima diz respeito à propriedade das coisas, dos sujeitos, dos objetos, das leis. A negação delas implica em niilismo ou até anarquismo? A dialética entre a morte das coisas e da propriedade subverte o orgânico, o próprio sujeito e, consequentemente, o objeto. As palavras ou normas, sempre associadas com a paternidade edípica. Édipo é pai e filho antes de qualquer postura filosófica. Representa para Hegel a dialética do escravo e do senhor, na qual ambos têm de existir e coexistir.

Os nomes relacionam-se e constroem a teoria do conhecimento. É quase como criar as próprias coisas por meio dos nomes. Tendo ao lado a morte deles na filosofia niilista.

É fundamental observar que na poesia existe uma nova construção dos símbolos, com crítica às vezes até sutil. Uma nova ordem, uma nova desordem promovidas pela fé diferente da fé religiosa. Ouvir e ver produzem nova significação.


Na próxima semana, escreverei sobre a linguagem e o ser humano.

NÃO SEI

Certo fazer atômico,
mobiliza átomos em profusão.
Esquisito para-brisa.
Metáforas e agonia,
vento cortante,
fogo crepitante.
Mas, tudo desliza na calma,
certo fazer anatômico.
Menos proeza, catástrofes conhecidas.
Calma doce do dia, da alma.
Logo, tudo vai deslizar
no silêncio absoluto
dessa esquisita noite.
Sem prazer platônico.
Dissociação sensorial
nenhum sentimento.


(poesia de minha autoria)

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