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58. Sexo e violência na civilização atual

15/09/2019​

São duas histórias que caminham juntas. Na mitologia grega, Eros e Thanatos; em Freud, fusão e defusão pulsional. Nesta, existe sempre predomínio da pulsão de morte. Isso foi muitas vezes explícito na psicanálise, a partir de “Mais além do princípio do prazer”, de Freud. A vida pressupõe busca de estruturas complexas e a morte, além do princípio do prazer, procura simplificar tudo, até a desintegração da carne. Repulsa predominantemente a unidade. Separa e destrói, talvez até o nada.

É importante que tenhamos em mente que o recalque é passível no sexo e na agressividade e sempre há consequências, muitas vezes desastrosas. Por isso, a psicanálise sempre fala de historias nas quais o amor e o ódio foram escondidos no psiquismo, e aí surgiam de maneira fantasiosa, de modo a deixar os rastros das pulsões, bem como suas terríveis vicissitudes.

A maiorias dos animais defende suas fêmeas, suas comida e seu território. No homem tudo é mais complicado. Também não podemos negar sempre nossa fome, nosso território e nosso desejo. Muitos monges e tantas outras pessoas fazem isso e aparentemente não sofrem. Algumas pessoas somatizam. Em outras, parece que a fé pode e consegue recalcar todas as paixões. Duvidamos um pouco disso. As pulsões sexuais e agressivas podem ser recalcadas apenas parcialmente. E isso pode produzir sintomas, sonhos e doenças.

Vamos considerar o indivíduo e sua atividade ou não atividade sexual e agressiva. Algum sadomasoquismo como preliminar ao ato sexual pode ser até saudável. Exibicionismo e voyeurismo, idem. É evidente que comete crime grave quem mata uma mulher para depois relacionar-se com ela ou ataca cemitérios comete crime grave. Também viola o Complexo de Castração e o Complexo de Édipo. Não aceita as regras da civilização e deve ser punido com o rigor da lei. Nesse âmbito, muita coisa ultrapassa todos os limites possíveis.

As escolhas livres que não significam prejuízo ao outro não podem ser consideradas crime contra pessoas ou a sociedade. Isso já foi narrado em outros momentos. Sobre todas as condutas e, é claro, também as sexuais e agressivas, que fazem o mal a outras pessoas, continuamos enfaticamente considerando que devam necessariamente gerar punições. Essas pessoas, por distúrbios mentais ou por que querem permanecer à margem do processo civilizatório, devem ser observadas, tratadas quando possível e retiradas do convívio, que, infelizmente, é cada vez pior. Umas mordidas podem excitar e assim também alguns tapas. Se passar do limite, diálogo ou até certa notificação policial. Isso já não pode ser tolerado no âmbito da civilização e no contexto de qualquer humanismo possível. Ansiedade e medo não podem ser aceitos.

O estado brasileiro e a maioria dos outros procuram julgar e punir escolhas. Acredito que não devam fazer isso, pois muita coisa corresponde ao foro íntimo como opção sexual, como aborto, casamento, divórcio e separação. A religião deve permanecer fora das decisões escolhidas, mas a ética religiosa deve ser necessária e presente.


Na próxima semana, meu enfoque será nas terapias associadas com as drogas que alteram o psiquismo.

COMUNICAÇÃO

Como única ação.
Última ação?
As paredes imensas isolam sentidos.
Impermeáveis muros,
separam tantas almas.
Impossível comunicação.
Ilhados tantos sentimentos.
Ilhadas tantas estórias.
Cada ação solitária.
Mesmice cruel nos falsos encontros.

Nada de encantos,
em cada canto isolado.
Pungente esse coração vazio,
tamborim descompassado.
Comunicação impossível.
Elos de corrente bem frouxos,
corrente falha não paralisa a liberdade.
E o tamborim, faz barulho na cidade.


(poesia de minha autoria)

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