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52. Neurose, psicose e criatividade 1

05/08/2019​

Aqui se faz uma série de enunciados sobre a obra de Freud relacionada à criatividade, em 4 capítulos. Enfatizam-se as amplas articulações entre a novela familiar com a produção artística. O incesto, a ilegitimidade filial e a disputa pela herança constituem-se em temas peculiares à constelação edípica. Várias obras literárias analisadas por Freud, tendo em vista a descoberta do inconsciente, são mencionadas com o objetivo de se compreender os atos criacionistas a partir da sexualidade humana.

Após o enunciado dos trabalhos realizados por Freud sobre a arte e o artista, o autor procura analisar o conceito de sublimação no âmbito do saber psicanalítico. A seguir, objetiva-se descrever as complexas relações entre a sublimação com o "objeto a", sob a égide do pensamento lacaniano. Da falta primordial associada à castração a obra de arte produz miragens de completude. O autor também descreve as relações entre a estrutura fantasmática com o "objeto a”.

Finaliza esse trabalho demonstrando que, na produção neurótica, apenas se repete a norma, enquanto na produção psicótica subverte-se constantemente a norma, mas sem vínculo à lei (dessa forma, a produção permanece à margem da cultura). Em contraste com as produções neurótica e psicótica, na produção "autêntica" da arte, o ato criacionista, ao mesmo tempo em que subverte a norma, mantém-se inscrito na ordem da lei e, desse modo, a produção permanece na cultura (o social é resgatado nos limites do registro simbólico).

Interpretação do ato criativo
É difícil, porém agora minha esperança consiste em discutir um pouco a respeito da criatividade no ser humano. Farei alguns enunciados sobre a obra de Freud, na qual o incerto, a ilegitimidade filiar e a disputa pela herança pertencem ao denominado Complexo de Édipo. Nossa compulsão a repetir alimenta o desejo de cada um pelas novelas televisivas, pelos filmes e pelos romances literários. Tanto material exposto permite mobilizar-nos para a observação fora do mundo interno no qual os personagens criam com os autores a novela familiar de cada indivíduo.

Se estivéssemos alinhados ao saber psicótico, no qual existe delírio da própria história, muita coisa seria enfocada no contexto do surrealismo ou até do realismo fantástico. Conforme também enuncio nesse âmbito, a sublimação terá sua vez. O sublime praticamente se estrutura como criatividade, pois muito provavelmente escapa dos conflitos articulados com nosso mundo interno.

Depois, o interesse será descrever as complexas relações entre a sublimação com o “objeto a”, sob a égide do pensamento lacaniano. Da falta primordial associada à castração observa-se com frequência que a obra de arte alimenta miragens de completude. Para mim e outros psicanalistas, o neurótico apenas repete a norma, enquanto o psicótico a irá subvertendo, mas não existirá resgate civilizatório.

Cria-se o tempo todo dentro de uma nefasta prisão íntima. O registro simbólico não ocorre na produção psicótica e, portanto, quase nada pode ser visto como uma manifestação artística verdadeira. Toda produção artística permanece à margem da cultura. É importante considerarmos que nessa narrativa salienta-se a articulação da neurose e da psicose com a criatividade no indivíduo.

É óbvio que em outros transtornos psíquicos é possível existir criatividade. Entretanto, nesse breve contexto apenas estamos considerando o suceder psicótico e neurótico articulados com a criatividade científica ou artística em nossa civilização. A metapsicologia de Freud, conforme já foi enunciando anteriormente várias vezes, irá sofrer positivamente a influência de Lacan.


Nas próximas semanas os textos elaborados seguirão a temática Neurose, Psicose e Criatividade.

CRESTA

Cuando mueren
por un instante
las palabras
que tanta muerte dan siempre a la vida
cuando descubrimos el actor que somos
y lo exponemos despojado de sus trajes crepusculares
cuando nos despierta el sueño de soñar
o arrancados del sueno
despertamos atónitos…

JUAN LISCANO

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