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50. Epistemologia ou teoria do conhecimento 1

17/06/2019​

Em várias outras narrativas, procurei demonstrar que a realidade das coisas depende da nossa linguagem para o conhecimento. Este é sempre linguístico e baseado em associação de palavras próprias em cada contexto. A “verdade” real não existe de modo absoluto. É sempre uma interpretação vinculada à linguagem no local estudado.

A teoria do conhecimento e a epistemologia associada não produzem algo definitivo das coisas verdadeiramente existentes.

Nossas opiniões e nosso conhecimento dizem respeito aos numerosos paradigmas estudados, sempre interpretativos do mundo exterior e também, mais ainda, do nosso fantástico universo interno.

As noções e os conceitos que possuímos das coisas são sempre e apenas uma metáfora da realidade, nunca a própria realidade. Não existe como verdade e sim como forma de entendimento compreensível entre os homens, de uma localidade entre si e com os homens de localidades diferentes no Planeta.

Toda noção ou conceito são teóricos e emergem do vocabulário relativo, muito relativo, entre os indivíduos.

O nosso mundo interno não consegue inclusive de modo matemático interpretar e essência da realidade. Esta escapa até do positivismo filosófico e, é claro, alimenta inúmeras dúvidas.

O ser das coisas é obscuro e tratado apenas no vasto âmbito das palavras. “No princípio era o verbo”. E depois?

Caro leitor, imagine os conceitos psicanalíticos tão complexos e abstratos como inconsciente, recalque, superego? Imagine conceitos e histórias sobre sonhos e poesia? O sintomas, os delírios, as alucinações podem ser compreendidos à luz da realidade factual? Os nomes ou vocábulos abstratos possuem vínculo essencial com a realidade externa? A sanidade e a loucura existem fora do contexto linguístico e gramatical? As teorias explicam o que querem explicar, e de modo correto, de modo digno? As ciências humanas podem ser conhecidas em sua essência? A matemática tão perfeita não parece apenas uma construção idealizada do homem? Talvez por isso tão perfeita?

Estamos enfocando hoje inicialmente as palavras, os conceitos, que diferem muito das coisas representadas por eles. No momento, nosso interesse consiste nas correlações, modelos e paradigmas que fazem o homem diferenciar-se dos outros seres vivos, dos símios semelhantes. Ilusão, imaginação e associações fazem a teoria que adotamos, muitas vezes longe das teorias científicas, porém de difícil comprovação, na qual as verdades não são alcançadas, apesar de tantos esforços.

Juntam-se fatos, junta-se história, muitas cadeias associativas e se cria, assim, uma certa visão do mundo. Precisa-se dela, pois costuma explicar muita coisa que vivemos e observamos. Somos sábios apenas como espécie, pois defendemos nossas descobertas, que parecem tão verdadeiras. Mas, tudo é interpretação e pouca coisa pode ser cientificamente comprovada. A teoria psicanalítica que articula fenômenos abstratos é de difícil comprovação científica. Na psiquiatria, se alguém alucina e delira e outros psiquiatras assim também interpretam, observa-se provavelmente um quadro psicótico vinculado à loucura. Vários indivíduos praticamente descrevem as mesmas observações. O engano é remoto. Assim, construímos uma certa verdade relacionada com a loucura.

Buscamos sempre paradigmas, modelos “corretos" para o exercício ou conhecimento de tantas histórias humanas ou não. Os paradigmas devem ser ancorados em alguns fatos repetitivos e, depois de serem interpretados, configuram uma teoria que no início obedeceu simplesmente ao nosso desejo. Porém, agora nos apegamos a ela com muita força e passa a ser nossa irrefutável verdade. Descobrimos e pronto! Tudo pode sofrer sua influência. A ancoragem apenas alicerça fatos repetitivos, criando explicações novas para os velhos problemas. A sabedoria consiste em ir contra a maré, em ir contra as ondas. Isso é bastante complexo e determina certa solidão nos verdadeiramente sábios questionadores de qualquer teoria, mesmo que pareça extremamente óbvia.

É claro que existem algumas teorias que não são destruídas por ninguém. São as teorias científicas comprovadas por inúmeros fatos. Mesmo assim, os que mandam têm poder, obrigam a sociedade a aceitar ou não uma teoria. Eles possuem a "sabedoria determinante". Agora, nesse contexto, já não há mais dúvidas. As certezas emanam dos mandantes e poderosos, que descrevem “as verdades” dos fatos do jeito deles, com os critérios deles. A ciência e a religião dependem dos poderes organizadores de cada sociedade.


Na próxima semana terminarei esse texto.

NACIONALISMO?​

Muita geografia. Paciência.
Procura-se ideologia. Paciência.
Sempre mal resultado,
Em nostálgica utopia.

Dinheiro malcuidado, hoje agonia.
Trabalho maltratado, trabalho dissimulado,
bem distante da alegria. Tanta geografia,
e um mundo sendo injusto.
Imundo nosso susto.

Fronteira, rios, muros, pontes e nada.
Só partidos, partidas que nos partem.
Verdades à beira do abismo. Razões no infinito.

Não importam os desertos.
Não importa "O Grito".
Munch agoniza.
Indecência ficando próxima da consciência.

Ausência de legítima ordem. Violência.
Tanques. Discursos.
Imprudências, abusos, maus usos.
Do átimo à perenidade.


(Poesia de minha autoria),

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