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49. Localização dos sistemas psíquicos 2

10/06/2019​

Agora, abordarei o inconsciente do Ego e também do Superego. Aqui há algo estranho, como já foi mencionado anteriormente. Eu quero e não posso e também nem sei se quero. A divisão é nítida. Existe um recalque no Ego e no Superego. Existe algo que não permite, a não ser por metáfora e metonímia, a não ser por condensação ou deslocamento. Figuras linguísticas e gramaticais não permitem acesso direto, sem clivagem ou divisão. Prazer/desprazer, dor e sofrimento. Posso e não posso. Desejo e não desejo. Quero e não quero. Estou referindo-me ao inconsciente do Ego e do Superego. Aqui existe recalcamento ou similar repúdio e também defesas.

Tudo deve originar e manter uma peculiar divisão, que torna o ser humano único em sonhos, lapsos, esquecimentos e sintomas. Aqui, as palavras podem e não podem surgir automaticamente. Existem transformações e também bloqueios. Tanto a sexualidade quanto a agressividade não podem fluir naturalmente. Outra natureza modifica o humano, o demasiadamente humano. Conforme se pode esperar, nesse contexto no qual divisão ou clivagem são nítidos, observamos o inconsciente do Ego e do Superego investidos de muita energia. As palavras e os afetos sempre representados estão investidos, catexizados nos representantes em jogo. Nas associações que estão articuladas com a divisão não existe nenhuma neutralidade possível.

Esse inconsciente recalcado ou primitivo recebe energia do ID: “o grande reservatório de energia” claramente psíquico.

A energia do ID é caótica, mobilizadora, dispersa e sua tendência geral está associada com a agressividade ou sexualidade, mas antes de associações não possuem nome nem palavras. Tudo é livre e caótico nesse grande reservatório energético, que possui apenas uma energia inominada, ou seja, uma energia sem palavras que a expresse.

Esse ID continua desconhecido, pois não existem palavras capazes de representa-lo, conforme enfatizamos. As representações afetivas e ideativas só serão consideradas quando houver a transformação dos instintos (orgânicos) e em pulsões (psíquicas). Agora, as palavras são catexizadas, investidas e inconscientes. O ID constitui nossa força ou energia interior, que vive nos mobilizando e cria ou determina nossas associações, nossas cadeias de palavras, nossa essência humana. A linguagem é impregnada pelo ID desconhecido, que só indiretamente pode ser interpretado e em parte conhecido. Sabemos que muitas coisas do ID vão permanecer no campo do desconhecido. Muita coisa vai continuar estranha e misteriosa em nosso psiquismo original. O leitor pode perceber que se trata de algo representacional, localização virtual e simbólica.

Para Freud, o Superego é o herdeiro do Complexo de Édipo e, portanto, do Complexo de Castração. Trata-se de um componente próximo do Ego, mas contém procedimento éticos internalizados. Parece-me óbvio que ele deve fazer e manter processos neuróticos nos quais o sentimento de culpa faz suas inúmeras vítimas. Principalmente no Ocidente, a culpa foi bastante elevada e, como consequência, também foi criado o saber metapsicológico e, portanto, psicanalítico para minimizar ou até corrigir o império poderoso do sentimento de culpa. Mas, é bem importante lembrarmos que tudo no psiquismo foi alimentado pela agressividade e pela sexualidade própria da essência de nosso psiquismo, próprio da essência de nosso ID. A filogênese criou algo diferente de tudo. Um certo antropóide evoluído com linguagem própria e muita inteligência. Um estranho salto.


Nas próximas semanas, escreverei sobre epistemologia ou teoria do conhecimento.

CERTO VENTO

Em um corpo, completo,
coberto de nuvem e desejo,
vive certo anjo esperto.
E nesse corpo mais do que certo
coberto de nuvem e desejo,
mora o anjo incerto.

Onde mora agora
o anjo incerto?
Oásis, areia e deserto
e um despudorado vento,
sopra, zune, muito perto.
Tanta nudez bem perto por certo.

Talvez meio torto,
quem sabe tão absorto,
penso nos seios altos, enrijecidos, dilacerantes.
Perfuram meus olhos,
mas ainda os vejo com minha alma atrevida.
Feliz alucinação.
Fugaz alucinação.
Tudo coberto por nuvem.


(Poesia de minha autoria)

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