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44. História do sujeito 1

06/05/2019​

Inicialmente, deve-se pensar na constituição do sujeito que nos é dada. Ele é construído no cerne das relações complexas de poder, geralmente não coercitivo. Portanto, nem sempre é bem visível.

Os sujeitos surgem no âmago de um campo de batalha e lá exercem sua função visivelmente histórica. Dentro de nossa cultura, desempenham um especial modo de subjetivação do ser humano, vivendo em um universo contraditório pleno de estruturas de poder, que se expandem nas normatizações (normas forçadas) até as mais diversas punições (desde rótulos estigmatizantes), como pode ocorrer na psiquiatria, na medicina em geral e, claro, em outros contextos.

As duas partes constitutivas dos mecanismos gerais de poder em nossa cultura dizem respeito ao amplo direito de cidadania e de poderosos mecanismos disciplinares. Ambos podem ser bastante punitivos, muito mais do que instrumentos para educação, para um contexto de liberdade verdadeira. Hoje o sistema prisional bem deformado em seus propósitos não consegue reeducar ninguém. Os manicômios somente tiveram êxito ao afastar indivíduos “perigosos” do convívio social. Na grande maioria das escolas, uns fingem que educam e a maioria finge que aprende. No contexto familiar, as contradições são gigantescas e, assim, o início da educação também fica prejudicado e costuma ser bastante precário.

Vive-se em um mundo punitivo, mas não sabemos como exercer as punições. Trata-se de mais um paradoxo em meio a tantas alternativas. Disciplina, método, vigilância e punição articulam-se de modo estranho e, assim, criam situações irrefletidas.

Os estatutos jurídicos da propriedade não conseguem integrar os castigos correspondentes à inflação. Crime e castigo na atualidade implicam perguntas de difícil resposta, certeza nenhuma. A relatividade toma conta de tudo e se expande cada vez mais. Porém, nesse contexto, tudo ainda sofre a influência das relações de poder e, obviamente, tanto a medicina como a psiquiatria florescem nesse caos aparentemente organizado. O normal e o anormal. O transtorno e a doença. O saudável e o psicótico.

Interpretar e construir verdade significam muitas vezes "novos fatos”. Qualquer classificação apenas normativa e estatística sem possiblidade de intervenção e tratamento valem muito pouco para o indivíduo e a sociedade. Corpos submissos e dóceis de um lado e corpos violentos e agressivos do outro lado não promovem o saber nas ciências humanas. É muito oportuno reconhecer que as punições, por mais justas que possam ser, nunca diminuem a cruel e nociva desigualdade. O indivíduo sujeitado e vigiado e o indivíduo sujeito são assim denominados tendo em vista as estruturas políticas e, obviamente, as estruturas de poder, tantas vezes citadas anteriormente.

Repetimos sempre o que não conseguimos evitar na sociedade humana. Ordem, disciplina, regras e normas são bastante articuladas ao valor econômico e suas vicissitudes.

Cada sanção normalizadora é sempre um instrumento determinado do mecanismo disciplinar. A homogeneidade às vezes pode parecer uma consequência justa e verdadeira, mas foi fabricada por intermédio de classificação e de normas. Foucault pensa e escreve sobre o homem moderno, pois só conseguimos “entender” o cotidiano, o tempo atual, com maiores possibilidades de algum conhecimento. Não é tão difícil pensarmos que “a disciplina fabrica indivíduos” e não pessoas com visão mais aberta do mundo. As fábricas, com mecanismo repetidos e normativos, não permitem uma liberdade verdadeira. Também estão a serviço do “status quo” dominante. O poder é muito associado à revolução industrial desde o início.


Na próxima semana encerrarei esse texto.

ÍCARO

Receber seu carinho.
Quero, não consigo.
Espero por você.
Espero.
Parece meu, seu caminho.

Esperando por você,
nesse chão e nuvens.
Insisto, não desisto, meu voo.
Eu, um Ícaro de braços implumes.

Estendendo minhas mãos,
navegando só queixumes,
observo de uma vez,
dissipar certo ciúmes.


(poesia de minha autoria)

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