33. As diferenças sociológicas no mundo atual 3
18/02/2019
O homem novo não sabe quase nada do que virá em seguida, mas segue sua obstinada esperança de um mundo melhor, associado de maneira definitiva a um novo contrato social, diferente dos atuais. Sabemos que cada história estará sempre articulada com a história comum de onde se cria uma identidade e uma caracterização do eu.
Os deveres naturais e as obrigações de solidariedade não estabelecem a possiblidade de escolha livre. Somente as obrigações vinculadas ao desejo humano, e não sua necessidade biológica nas relações com o outro, requerem o cuidado muito necessário no âmbito das comunidades, que juntas poderão criar um planeta mais justo. Sabemos que o patriotismo contém elementos da moral, mas nem por isso as guerras podem ser justificadas.
Existem países pobres, em maioria, e alguns ricos. Um dia, ainda que remoto, a diferença entre eles pode diminuir bastante. Os costumes, a linguagem, os padrões e as etnias não precisam desaparecer. Aliás, não vão mesmo desaparecer. Um equilíbrio entre as nações e o Planeta deve existir. A fidelidade a um determinado grupo ou nação não deve sobrepor-se aos princípios do mundo internacionalizado. As exceções devem ser tratadas como apenas exceções à ética global. A natureza e estrutura dos estados devem obedecer às ordens do mundo civilizado global.
Como foi mencionado anteriormente, cada Estado, como pátria ou nação, exige apenas preservar a etnia, costumes e linguagem. Deve existir um contrato social sempre globalizado.
Conforme o leitor pode constatar, acreditamos que, em distantes tempos futuros, o estado deverá ser desintegrado progressivamente para vivermos como sempre, em locais menores, nos municípios, bairros ou equivalentes. Até as uniões, por exemplo, sancionadas pelo estado entre gays, relações poliafetivas, grupais, heterossexuais e lésbicas, já devem ser substituídas por uniões desestatizadas. Ou seja, são questões da escolha ou consentimento dos indivíduos envolvidos em cada união. Os aspectos religiosos dependem da escolha de cada um e nunca de leis estatizantes. Os posicionamentos de hoje não podem ser defendidos e associados legalmente no contexto de qualquer racionalidade pública estatizante.
A reciprocidade, o companheirismo, o amor digno, a intimidade, a família e as identificações podem acontecer no âmbito de união heterossexual, homossexual, poligâmica e em todas as outras possíveis formas e escolhas de amor ou de associação entre indivíduos. O futuro estado agonizante não pode interferir assim, como no seio das religiões, da teologia, ou dos agnósticos. Escolhas sempre consentidas e, na medida das possibilidades, também livre a procriação, o aborto e outras vicissitudes de um novo mundo e, portanto, pleno de outras escolhas possíveis. O autor quis apenas discutir algumas reflexões sobre a complexa revolução entre o Sujeito e o Outro. O que fazer para um mundo melhor e um novo contrato social implica certamente em inúmeros diálogos presentes e também futuros.
Acredito que o leitor terá mais paciência com tantas repetições. A seguir, continuaremos com um mergulho no psiquismo sem, é claro, o abandono do que estamos considerando como importante.
Na próxima semana minha narrativa será sobre as palavras que incomodam parte o psiquismo e originam prazer em outras partes.
PASSADO
Estranha a recordação.
Olhos, cabelos, peitos, pernas, rostos,
tocaram uma vida.
Almas, mãos, ideologia, ultrapassaram alguém.
Memória diminuta.
Esquecimento grande.
Tanto, tudo ou menos talvez.
Recordação suprema.
Estória pequena,
história sem texto,
contexto estranho,
cadeias associativas sem nexo,
sem sexo, sem neutralidade alguma.
Estranho com rugas serenas, mágoa serena.
Sonho impossível,
alma louca.
Um mar revolto no passado.
Persiste monumental desafio
a qualquer recordação.
Eternos anseios.
Navegador e náufrago
procuram o sonho do improvável.
Recordação acena.
Recordação com bandeira,
Recordação plena,
alguém ainda encena.
(poema de minha autoria)
.png)


