31. As diferenças sociológicas no mundo atual 1
04/02/2019
Algumas palavras sobre o mundo atual: é cada vez mais injusto e também demasiadamente precário. Quem nasce nas favelas tem menos oportunidades para vencer. Os que nascem em um berço melhor, historicamente, podem mais. Na grande maioria das vezes, é claro, serão os vencedores.
Sabemos que já existe uma estrutura que prejudica a igualdade entre nós. Não é necessária a força, a coerção. A convicção alimenta com frequência um lugar comum para quase tudo permanecer tão natural quanto possível. Isto tem de sofrer modificação. As elites fabricam os conceitos e a lei e o Estado de direito permanece utópico. Futuro inalcançável.
Ainda restam versos e reflexões sobre o psiquismo. Ainda restam sonhos e esperança de um mundo melhor, no qual as diferenças entre as pessoas sejam respeitadas e não transformadas em formas negativas. Mas, a esperança de um mundo melhor cresce e obviamente crescem o pleno humanismo e a justiça.
As categorias econômicas não pertencem à natureza humana. São linguisticamente aprendidas e associadas com antigas estruturas, nas quais certamente houve violência, guerra, sangue e dor. Não podemos personificar as categorias econômicas, mesmo sabendo que no capitalismo existem alguns exploradores e a grande maioria constitui os explorados. Isso será repetido muitas vezes, dada a importância de um tema do qual nós procuramos, de maneira consciente ou não, manter-nos distantes de reflexão mais profunda.
Os banqueiros não sabem da essência porque exploram; e nem os explorados sabem de suas dificuldades e obstáculos. As necessidades biológicas não podem ser explicadas pelo desejo humano e, obviamente, a linguagem que nos humaniza e nos empobrece na ascensão do capitalismo. O próprio fato de ser operário ou explorado esconde a violência da estrutura invisível.
É difícil saber o que estamos fazendo quando fazemos tudo aquilo que sempre fazemos. O espírito conservador é muito poderoso. A estrutura oculta nesse contexto muitas vezes continua desconhecida. Imaginemos o futuro? Quando a civilização será realmente mais justa e menos desigual? Quando exerceremos os direitos amplos de cidadania em um planeta verdadeiramente republicano?
Devemos buscar certo equilíbrio entre o coletivo e o individual. A liberdade de cada um não pode ultrapassar limites na sociedade. Relativizar o absoluto é nosso constante dever.
Outro mundo é possível e desejável. Na nossa luta cotidiana, sempre que possível, não pode haver retrocesso de nenhuma espécie. O vigente capitalismo deve ser combatido sempre.
Os próprios limites ecológicos do mundo desautorizam a vitória e o poder do capitalismo.
Daqui a algum tempo, a ecologia favorecerá certa igualdade e cidadania. Sabemos que o ser humano tem diferenças. É claro que não podem servir de pretexto para tanta inimaginável desigualdade social e predominantemente econômica. Uma nova hegemonia irá, aos poucos, se construindo com mais Iluminismo e leis mais verdadeiramente democráticas. Sempre é oportuno lembrarmos que as democracias atuais são capitalistas e impedem até sutilmente a vitória do bom senso. O mundo atual não caminha bem e as elites dominantes atrapalham tudo, menos a tecnologia que costuma ser mal utilizada.
Na semana que vem continuaremos esse assunto.
TANTA POSE
Organizo o piso, no piso do paço.
Feito atleta de aço.
Com a mais decidida força,
piso no piso do paço.
A posse, a pose, misturadas nesse espaço.
Presságio do trágico, do trôpego,
transitam entre o podre e o pobre.
Traço de princípio.
Trasso e martírio.
Espaço sem colírio.
Embaço no mistério.
Estúpido passo,
passo de posse tola.
Possesso, pressão messiânica de tantos passos.
Insistem a pose e a posse.
Na prece sem pressa,
desfigurada apoteose,
osmose sem matéria,
overdose de miséria.
Na prece sem pressa,
peço talvez muito.
Tantas peças paralisadas
já não se encaixam.
Enquanto pessoas
desfiguradas passam
Logos, legos,
brinquedos de deuses
no tráfego da vida.
Transcorrer da dúvida.
E ainda piso, no piso do paço.
Sem direção,
meus pés não sabem caminhar.
Sem direção,
pés paralisados no tempo
movimentos ausentes.
(poesia de minha autoria)
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