3. Quem nos procura?
18/06/2018
Quem são as pessoas que me procuram? Pessoas com algum transtorno mental, analisandos, pessoas comuns que sonham e sofrem? Para mim são realmente pessoas e não apenas clientes ou pacientes. Existem como pessoas e a maioria quer conhecimento sobre o próprio mundo interno, sofre e fica feliz como cada um de nós. Possuem nome, família, registro de identidade, dúvidas, conflitos, conhecimentos, desrazão.
O poder instituído inventa diferenças e originam-se, assim, lados opostos e obviamente falsos, cria-se um muro artificial e cada ser humano é obrigado a descer dele.
Este muro, estruturado nas relações de poder, separa as pessoas além de promover vários tipos de desigualdades.
A verdade própria, dentro da alma, como nossa essência mais profunda, talvez só venha a ser elaborada a partir de diálogos e, certamente, dúvidas. O desconhecido fabrica cada indivíduo. O saber internacional de hoje está mais globalizado. Assim, Europa, Estados Unidos, Oriente produzem um número maior de questões do que de certezas. O mundo interno de cada um pode originar algum saber relativizado sempre pelo cotidiano.
Hoje o artificial e o alternativo navegam juntos em todas as direções do complexo planeta. Cada um de nós vive um mundo divido, sob influência de punições e vinganças. Forças desproporcionais, antagônicas. Desejos poderosos são originados no mundo interno e os cuidados são muito necessários.
A polarização, radicalização política, como observa-se no mundo atual não pode e não deve alimentar o ódio e a violência, sempre intoleráveis. Os tiros, as bombas e o chumbo grosso não podem e não devem administrar nada. A luta política não pode ser feita a mão armada. As elites dominadoras historicamente exibem violência coercitiva, sempre que necessária, contra os chamados inimigos políticos. Claro que os dominados muitas vezes compartilham dessa violência. O Estado, na detenção máxima de poder, não consegue ou não quer fazer papel conciliador e, desta forma, os antagonismos prosperam legitimando injustiças.
A civilização não consegue dar conta das contradições inúmeras entre a propriedade privada, quase sempre sem regras e pouco influenciada pelo aspecto social, com os poderes autocráticos centralizados e na maioria das vezes sob forte determinação militar. O mundo dos poderosos se dedica ao apoio do capital nocivo e poucas vezes leva em conta o justo bem-estar dos indivíduos. O ódio e a violência crescem e o equilíbrio fundamental se torna fragmentado e até mesmo ausente. Um poder despótico e forte vai ocupar todos os espaços verdadeiramente democráticos nessa civilização excludente e plena de diferenças sociais, políticas e econômicas.
Na próxima semana publicarei acerca da origem do homem.
A MÁQUINA
no instante
fui item
do instante
seguinte
inconstante
hífen
parágrafo
seguinte
dois pontos
na alma
de cada instante
outra folha
futuro distante
entre linhas
espaço duplo
a folha voou
com a brisa
onde está?
a alma de cada instante?
Poesia publicada no livro "Tempo contra tempo", escrito por mim.
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