top of page

18. Acerca da normalidade psíquica

01/10/2018​

O propósito da psicanálise é essencialmente abrir caminhos rumo ao núcleo de nosso ser, em meio à nossa essência. A cura obedece ao modelo médico. O inconsciente articula-se ao "mal-estar" irremediável no contato do humano consigo mesmo, com a outra face da civilização domadora de nossos impulsos e também repressora de nossos desejos.

Sob a égide da metapsicologia, pretendo iluminar o psiquismo de cada um no meio de tantas trevas produzidas no processo educador e de civilização. Deve-se, sempre que possível, observar em maior profundidade a desrazão.

São muitos os lugares do Planeta onde observamos uma forte crise de valores. A validade e a legitimidade de quase tudo são questionadas. A civilização faz processo de críticas profundas tanto às verdades como às instituições. Muitas mudanças no mundo, e às vezes é feita uma revisão demolidora e iconoclasta. Os ídolos incomodam nosso cotidiano em todos os lugares da Terra.

Onde estão os sonhos e as utopias? Onde está a liberdade?

Contradições poderosas entre o ordinário que presume verdade e o extraordinário, contendo em si provas de uma paradoxal veracidade. Onde está a igualdade? Por enquanto é utópica, idealizada, não existe de modo indiscutível. E a isonomia?

Nesse contexto sombrio, porém iluminado em alguns lugares, pleno de contradições, destinos incertos, lugar de dúvidas, contradições, utopias mágicas e voláteis, pretendo escrever algo sobre o homem normal e equilibrado, aquele que costuma escapar dos transtornos em suas experiências vitais, em seus comportamentos cotidianos, em seu caminhar firme sobre as ruas e avenidas, sobre as estradas e florestas, savanas e construções urbanas. Pretendo escrever, também, sobre o indivíduo em suas relações com os outros, apesar de tantas dificuldades.

Normal é um adjetivo que diz respeito ao usual, ao comum, ao regular e até matematicamente não escapa dos padrões normativos. O indivíduo normal costuma representar um comportamento que é aceitável, validado pelo "establishment" e muito frequente. Tanto o gênio como o excepcional escapam do padrão esperado.

A natureza do normal, é claro, não pode existir tendo em vista a epistemologia, tendo em vista o conhecimento do homem. Vamos recordar, também, que os valores médios são também medíocres e não apresentam diferenças significativas em quase nada. São perfeitamente mecanismos adaptativos a qualquer comunidade e obviamente estruturam a maioria das sociedades vigentes.

O poder e o senso comum ocorrem sempre associados com essa norma, nunca explicável em plenitude. É claro que políticos astutos e até psiquiatras também espertos estabelecem o valor do normal em cada sociedade humana. A neutralidade em geral continua misteriosa.

O homem normal e equilibrado é aquele que consegue administrar relativamente bem os seus conflitos internos e externos. Lida melhor com a realidade e aprende muito com as vivências ao longo da vida. Apresenta conexões compreensíveis em suas experiências vitais e o não compreensível obedece muito à desrazão do inconsciente.

O homem normal conhece sua posição de classe econômica e lida bem com suas dificuldades a ela relacionadas. Relativiza com propriedade sua reputação consigo mesmo e com outros indivíduos. Essa quase utópica pessoa normal harmoniza seus sentimentos, sua fé, seu saber e suas dúvidas na medida do possível. Procura conseguir valoração profissional e social, além de possuir certo vínculo familiar. Cuida de sua saúde física e mental e de sua alimentação. Busca entender e fazer adaptação externa e interna. Sabe-se colocar no lugar do outro e também sabe que não existe sujeito sem esse outro.

Conforme o leitor pode observar, é sempre muito difícil o encontro do homem chamado normal. Fadiga exagerada pode criar alterações senso-perceptivas e até alucinações bem passageiras. O uso de drogas psicoativas ou não pode produzir transtornos mentais. Ser ou estar psicótico constitui-se em dúvida psiquiátrica. Sonhos bem marcantes ou pesadelos poderosos podem misturar-se à realidade objetiva e costumam gerar desadaptação. Ruídos e até silêncio podem mudar o homem no seu mundo social. Ingestão maior ou menor de alimentos altera cada pessoa. Exposição à mídia dramática, também. Maior ou menor exposição do indivíduo a homens ou mulheres atrapalha o desempenho desse indivíduo e modifica sua intimidade. Como foi assinalado antes, é sempre difícil, muito difícil, o encontro do homem normal.


ELEIÇÕES!

O tema mais falado. Não acredito nas modificações necessárias pois a representatividade dos candidatos e o próprio sistema eleitoral estruturam a mesmice de sempre.

Não irei votar pois nossa democracia precisa ser bem melhorada. Não sei como e nem político sou. Todos os poderes estão funcionando mal. Qual é a origem do poder de um juiz de primeira instância e de quem manda soltar quase todos? As contradições são inúmeras. Mas parece que tudo vai bem. A hipocrisia cresce junto com a desigualdade. Assim não podemos continuar.


Na semana que vem, falarei sobre a classificação internacional das doenças.

O PODER

Disse me disse:
política, porcaria, politicalha.
A mesmice.

Disse me disse:
a posse, a pose, a podridão.
Tolices.

Disse me disse:
trapaça, tradição, traição.
Meretriste.

Tudo enorme imundice.
Sempre merdice.
Sempre merdice,
em solene história triste.

Ideal de cretinice:
notícia triste, história triste.
Até o sol desiste.


Essa poesia é inédita e de minha autoria.

© 2023 por Nome do Site. Orgulhosamente criado com Wix.com

  • Facebook
  • YouTube
  • Instagram
fim%20do%20vi%CC%81deo%20(3)_edited.jpg
bottom of page