174. HOJE EM DIA
As desigualdades sociais e econômicas são bastante visíveis e, de modo muito claro, costumam influenciar toda a civilização. Todos nós sofremos uma alteração negativa que modifica cada setor do planeta. Tudo influência tudo.
O meio ambiente está sendo alterado e destruído. Desmatamento produz áreas desérticas. Os polos vão derretendo e a temperatura aumenta. A água do mar está sendo intoxicada pelo plástico e aumentando seu nível nas regiões costeiras do mundo. O desflorestamento da Amazônia prejudica todo o planeta. Nada mais pode ser contabilizado, pois existem múltiplas consequências. Até nas alturas os fatores tóxicos aumentam, e isso acaba por alterar todo o clima.
Veremos cada vez mais mudanças dramáticas. Hoje em dia, são comuns os deslizamentos que provocam inundações e muita lama. A terra vai se deslocando. O lixo e áreas improdutivas prejudicam nossa civilização, bem plena de valores culturais e educativos.
O aquecimento é gradativo, porém ponderável. As geleiras navegam desde as alturas até o nível do mar. Leis e burocracia não costumam funcionar conforme gostaríamos e, assim, o ruim e o nefasto vão tomando conta do mundo.
Ocidente e Oriente (menos conhecido por nós) alteram-se às vezes de modo irreversível. Os condomínios bem-estruturados fornecem boas condições apenas para uma minoria dos habitantes. Muita gente fica fora e permanece sobrevivendo com os restos, com o que sobra, com as coisas negativas de sempre. Lixo e sobras, restos.
Assim, só caminham mesmo aqueles que podem, no mais amplo sentido desse sólido e muitas vezes injusto poder. Os alertas são frequentes. Algumas pessoas sabem bastante sobre as falhas em nossas comunidades e os desvios enormes em nossos potenciais. Muita coisa é conhecida, inclusive as inúmeras mudanças que são necessárias, mas nunca feitas.
Todos os sistemas políticos, principalmente à direita, legitimam a fama de governar as nações como forma de nos tornar obedientes a leis, constituições e aos poderes constituídos. Nem sempre se observa a destrutividade da natureza. Necessitamos de mudanças inéditas.
Hoje, o curso permanece valorizando sombras e desigualdade. O gasto de energias não renováveis e o lixo dominam os tempos atuais. As incertezas vencem. O homem e toda sua unicidade fracassam nesse triste cotidiano.
MORRER-SE
Morrer-se, devagar.
Sobrevivência: imbecil.
A natureza biológica ganhou.
Aprende-se, morre-se um pouco,
na morte dos outros.
Sempre pequenas mortes.
A nossa: sempre terrivelmente grande.
Detalhes são introjetados,
causando alguma dor. Às vezes, nem percebemos.
Existem faltas.
Lembranças teimosamente sobrevivem
fora do tempo imperturbável, o absoluto.
Nossa ansiedade cresce
e nossa morte, terrivelmente devagar às vezes,
vai assustando tanto e fica próxima.
Muitas coisas feitas com palavras.
Sons, vogais, articulação: explodem.
Escapam do invisível tempo.
Escapam da vida, da dívida.
4 A realidade ultrapassa
qualquer vocabulário.
Poesia impossível em metafísico dicionário.
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Tesão e ternura.
Noite bem escura.
Aproxima-se loucura.
Longe, estranha procissão de escombro.
Luta cruel,
luta de alma em luto,
ombro a ombro.
Mundo repleto de ausências.
Carlos Roberto Aricó
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