169. O voto e cada indivíduo
Infelizmente o Estado será forte para domesticar impulsos mais primitivos que habitam o interior de cada pessoa. Se não conseguir, haverá aumento das desigualdades e injustiças, pois o ser humano mantém dentro de si um ódio poderoso que impede de colocar-se no lugar do outro.
O estado forte, é claro, não é civilizado em essência, mas é necessário para frear o lado de cada pessoa invasiva, ruim, bastante negativa. Poder e liberdade não podem estar associados em certas ocasiões. Só no íntimo de cada um, em algo utópico e mágico, pode existir liberdade absoluta.
Democracia e eleições servem para fortalecer o Estado. É claro que as eleições não são livres, pois dinheiro costuma vencê-las.
O horário político, os palanques, os fatos costumam ser ouvidos por intermédio do poder constituído e dos benefícios associados ao dinheiro. A liberdade de escolha é utópica e sempre expressa uma finalidade dos poderosos.
Os discursos humanizam a partir de metáforas, associações linguísticas que voam e se dissociam-se da realidade, quase sempre.
Parece que somente os anarquistas pensam assim, e as palavras nunca significam ações verdadeiras. Os partidos políticos emitem mensagens as vezes até absurdas e nós ouvimos, ouvimos…
Há falhas inclusive na constituição. Nossas leis defendem de qualquer forma os detentores do próprio poder, em grande maioria dos ouvintes: ouvimos, ouvimos…
Cada candidato faz discursos e utiliza bem as palavras. Isso dá origem a um pensamento mágico e utópico dentro das pessoas. Ao longo da vida elas foram influenciadas e criaram esse pensamento que deseja existir.
Os indivíduos, a partir de postulados fortes, encaixam as palavras preferidas, conforme os aspectos ideológicos com aparência de verdade. As coisas vão mudando e prontos estaremos votando e cada vez mais se dá crédito ao irracional.
Sempre existe esperança e medo. Em cada discurso uma nova realidade encontra dúvidas, conflitos e comportamentos pobres. A vida continua no voto: “livre de tudo”.
Será isso possível, no planeta cada vez pior? Procuramos fora de nós a verdade e assim respondemos inconscientes às nossas dúvidas e vamos no preparando para os urnas, onde depositaremos esperança e medo, além de muitas dúvidas na escolha do modelo ideal, que possivelmente nem existe.
Tudo apurado democraticamente e o planeta pior, apesar de tantos desejos, mentiras, talvez até algumas verdades reflexivas.
HOJE?
Procura-se memória perdida no tempo.
A dor colossal.
Parte metafísica, do compasso sideral.
Escuridão, sombra, alfombra de nada.
Não há significação, nesse tempo.
Sem retorno, nada entorno.
tremor, medo, esquecimento.
História e estória, fugaz momento
Espantoso pensamento.
Lugar vivo, passatempo.
esquisito fingimento.
O tempo morre, ausente
o relógio.
Longe, o pressentimento.
Distante qualquer tormento.
Paz, só em paz
tudo caminha.
Carlos Roberto Aricó
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