162. Tradição
Em algumas narrativas, procurei enfatizar que todos os humanos têm medo do novo. Preferimos o caminho já conhecido, as mesmas ruas e atalhos e podemos até fingir que estamos melhorando. Porém, tudo continua como está.
Assim é a civilização própria de nosso mundo, felizmente, em alguns contextos, até criativo. Não vivemos mais em cavernas. Ainda que com medo, saímos e enfrentamos a luz.
As possibilidades de mudança real oscilam entre a natureza e a nossa cultura. A presente luta do passado, muitas vezes conhecido, e o futuro, com inúmeras dúvidas. Tantas memórias falsas dificultam encarar a realidade objetiva e as recordações reais.
A viagem é arriscada e depende da força na magia dos instintos. A nostalgia e o júbilo associam-se às desilusões e ilusões, nas quais saber perder pode construir uma possível mudança útil, que pode escapar das repetições em nome dos costumes estruturados na memória.
Assim, o conservador vence o revolucionário no berço das poderosas tradições. É muito mais fácil acreditar do que ser cético com relação às regras atuais conservadoras de enormes desigualdades humanas.
A falta de coragem necessária para a transformação do mundo atual estabelece uma civilização vinculada à tradição, que em parte é positiva, ao originar história, mas em outra é bastante ruim, ao ser obstáculo para as mudanças sociais, políticas e econômicas no âmago da civilização contemporânea. Como sempre, o joio está bem mesclado ao trigo e a separação necessária não costuma ser fácil. Mas, a batalha continua entre nós.
Conservação, tradição e história significam aquilo que os homens associam com a segurança. É útil associar-se ao conhecido no enfrentamento do novo, do diferente e do desconhecido.
Inventa-se tudo
e tanto também.
Sobra da vida o amém.
O pai, o filho e o espírito
procuram o refém.
Meu egoísmo, abismo
e ninguém.
Solto no ar,
solto no mar,
meu nefasto inventar.
O tudo o tanto,
a escrita da vida,
divagar.
Infinitude sem lugar
tenho pouco a decifrar
Discurso, verdadeiro discurso:
não há palavras para falar.
Não há palavras para pensar.
Infinitude ou luar.
Pouco a decifrar.
Não há palavras
para falar.
Nem significações
para o pensar.
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