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159. A finitude….

Sei lá… dor é dor. Algo que você julgava perto não existe mais. A culpa é de Deus, sei lá. Mas, não existe mais. Existem lembranças, fotografias, histórias, mas… o objeto da perda desapareceu entre cinzas, nuvens, palavras, poesia etc. Não existe mais e dói muito. O quê? Sei lá… algo em que investi, em que depositei afeto, desafeto, dor, paixão. Não existe e existe com ausência absoluta. Existe não existindo, como algo que a vida e a memória querem reeditar nesse impossível livro.

Nossas estórias virtuais podem doer tanto. E dói, sei lá. Só sei que dói. Absurdamente dói e desaparece na transparência do nada. Na atmosfera capaz e incapaz de fabricar nova vida, nova história. Surge na minha alma ou, sei lá, na minha vida psíquica, como estrada, metafísica. Porém, aquela história não está mais entre nós.

Está e não está mais. Mas… Como está presente. Uma ausência muito presente, uma ausência e não está aqui. Desapareceu em nuvens, em transparência, em matéria virtual, cinza, cor neutra e cria saudade. E cria responsabilidade: Deus, Ele quis assim. Ele sempre quer assim. Ele pode tudo e faz de nós sempre desejantes do impossível. Desejamos e queremos o nada. O vazio, o estúpido buraco na alma que sofre, que não aceita e tem que aceitar tudo. Tudo e tanto escapam na nossa escolha. Liberdade? Onde?

A minha liberdade caminha até onde eu próprio não caminho mais. É grandiosa enquanto eu posso. Descubro que meu poder é fraco. É um pedaço de ilusão que vive e no qual muitas vezes acredito. Como sou um crédulo que inventa o poder que nunca existiu. Como sou um crédulo que vive e inventa algum poder sobre as coisas, e esse poder é inventado. Cria-se um poder no infinito que nunca existiu. Só existe como ilusão mágica, pobre, virtual. Poder que inventa uma verdade mágica, ilusória, pequena e causadora de tantos risos.

A morte nas trevas, nas sombras, nas tristezas, parece sempre ter um sorriso malvado por vencer sempre. A morte parece ser invencível, poderosa e põe fim em tudo, até em nossa precária esperança. Vamos perder sempre. Acho que não podemos facilitar o desfecho. Ao menos, bom é morrer com dignidade. Sem tanto medo, pois sabemos que perderemos esse lapso chamado vida: pequeno, muito pequeno, mas bastante luminoso, mesmo sem esperar nada, pois nada sabemos se existe ou não: mistérios.

Morrer com dignidade, sem muito medo, até a respeito da nossa herança: a vida. Quem nos deu? A natureza evolutiva, Deus, o acaso? O saber é nulo, mas é assim e parece ser assim. Então, temos que aceitar, inclusive procurando novas razões para algo que é tão desprezável, tão incerto, tão misterioso. É o que temos. Paciência e viva nossas possibilidades, que parecem ser quase infinitas, mesmo durando tão pouco nosso pequeno tempo. O atemporal luta contra a infinitude? E a favor?

O PASSADO

Vida doida.
Vida doída.
Dias bons,
outros indiferentes.
Muitos ultrapassam tempo.
História doída, doida segue.
O que consegue?
Julgamento, sempre indeciso.
Verdades voam!
Julgadores também voam.
Eternas indefinições,
nas várias ações.
Tempo e contratempo
buscam hora exata,
mapa de utópica geografia.
Nem antes o mundo existia.

Carlos Roberto Aricó

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