157. A conquista da América pelos espanhóis 1
Os espanhóis, à época do colonialismo, comeram os incas, os maias e os astecas. Carne podre ocupa suas latrinas. Assim, a América foi composta e dela emergiu o que é ruim, o nefasto, o sujo. Nascemos nos mesmos dias e nas mesmas histórias que acompanham nossas vidas.
Vivemos a escravidão imensa. Uns mandam, a minoria obedece. Aqui, do lado brasileiro, idem com os portugueses. A Europa mandou as armas, cavalos e armaduras. Assim dizem do mais forte, do mais apto. Assim, conquistamos o mundo novo, sempre tão antigo, como mundo dos velhos, do passado, do triste. Nossa América foi trucidada pelos antigos conquistadores.
Nossa América sofreu e sofre na desolação, na morte, no sangue. Tenta até hoje tornar os indígenas discípulos de um Deus católico. Essa é a nossa verdade. Que cada um tenha um Deus ou não, isso é o que importa.
Os reis Carlos V e Federico II foram deuses pobres, talvez até podres. Não existiram face ao universo, face aos ditames de tanta magnificência e amplidão. Tudo e tanto são pequenos, sem tamanho, frente ao poder da gravitação, ao poder de tantos astros, ao poder de tantas estrelas. Somos muito pequenos frente ao universo enorme que carrega tudo.
Procurando ouro, prata, cobre, petróleo, borracha, salitre, açúcar, pérolas e talvez até escravos, os colonizadores foram ditadores e exterminadores de pessoas e memórias ancestrais. Sem “passado”, sem história, os incas, os maias e os astecas foram abandonados e assim ficaram solitários em sua dor e maltrapilhos em seus contornos. A fome, a escravidão e a obrigatória subserviência, por meio dos conquistadores, inquisidores e outros espanhóis, fizeram-nos dóceis e obedientes. Sepúlveda, capelão de Carlos V, Bartolomé de Las Casas, Pizarro, Gaspar de Carvajal, Diego de Ordaz, Diogo de Esquivel, Hermán Cortes, Lopes de Aguirre e tantos outros fizeram de tudo e mandavam em tudo.
Todos ou quase todos os habitantes da América, do final de 1400 até 1700, período pré-colombiano e colombiano, foram massacrados, torturados e sofreram muito desde que nunca puderam escolher. Armaduras, cavalos, barcos até precários e lanças... Tudo foi cruel e triste para os indígenas locais. O velho novo mundo maltratou muita gente. Os espanhóis sofreram a inóspita natureza nos vulcões, terremotos e rios selvagens, nos caminhos entre vida e morte para todos.
Os inimigos eram para os espanhóis os banqueiros de Augsburgo e Holanda, bem piores do que Atahualpa e Manco Capac. Assim dizem-nos a história e as tradições.
O leitor já sabe que reis e autoridades espanholas associaram-se com os inquisidores (bispos, freis e outros religiosos) para modificar as crenças dos indígenas. O negativo pretexto foi esse. Até o Papa Paulo III deu ordens para o massacre dos indígenas fiéis às suas próprias crenças, com toda a dignidade possível. Hoje, a história conta um pouco do que se passou, talvez com alguns exageros. É óbvio que os habitantes das Américas sofreram as consequências destrutivas do pensar e sentir com direitos sociais evidentes.
UMA MULHER
Certo desejo voa.
À toa, de janela possíveis.
O certo e incerto voam.
Imaginação, sonho, delírio.
A vontade voa.
Atravessa rua e ar.
Mulher muito vestida.
Agora nua, parece olhar tal lua.
Desejo, volúpia, voa.
Busca-se no tempo,
tempo do encontro,
tempo da ternura.
Ela, pura ou impura,
É vista como nua, no brilho
poético da lua.
No etéreo volátil da rua.
Carlos Roberto Aricó
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