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155. Eduardo Galeano: um grande escritor

Esse autor já foi citado várias vezes por mim em outros contextos. Suas narrativas são históricas, brilhantes e elucidativas. Desde “As veias abertas da América Latina”, escreve sobre conflitos e batalhas vencidas, tudo pleno de emoção, força narrativa e até poética. Em minha modesta narrativa, procuro escrever sobre sua famosa trilogia “Memórias do fogo”, em seu terceiro volume: “O Século do Vento”.

Nessa obra magistral, com acuidade, o autor revela basicamente a história de nossa América Latina e de nossa América Central, pensadas pela violência, pela dor, pela morte e pelas trevas. A religião católica une-se ao verdugos, conspiradores e aos Estados Unidos para vencerem na força ou na esperteza os países onde havia riquezas: petróleo, frutas, cobre, salitre, estanho, plantações de interesse fundamental e outras coisas necessárias a uma nação que não possui ministério da guerra e, mesmo sem ser atacada, tem as mais poderosas forças armadas de defesa do planeta. Sem ser atacada, defende-se do quê?

Isso aconteceu, infelizmente, nos conflitos, nas guerras e nas revoluções. Muita gente foi torturada, morta com tiros, forca e incêndios. Isso tudo em nome aparentemente do combate ao comunismo e às ideias revolucionárias, bem distantes de nós, latino-americanos. Guerras sempre apoiadas pelas ditaduras, por religiosos e pelo berço da liberdade e da democracia: os Estados Unidos. O caminho é único, cheio de armadilhas, muita coisa poderosa, fantástica e imaginada contra a civilização.

Em alguns países o poder mudou de mãos várias vezes. Entretanto, quem continuou mandando foram os ditadores apoiados na Igreja e nos EUA. Os generais fizeram e fazem a festa do poder antipovo. É até generalizado o conhecimento cínico do dinheiro que compra as interrogações desagradáveis e o poder e suas vicissitudes, além de tantas outras coisas.

Empréstimos, ajudas ilusórias ou temporárias, juros baixos e doações foram bem organizados pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e pelo Banco Mundial. Praticamente todos os últimos presidentes da grande potência do norte participaram das associações para objetivar os mundos. As armas, os militares armados e os torturadores fizeram o serviço negativo e, assim, generais e a igreja foram sendo poupados. Espero e desejo que os ventos todos de um sistema democrático justo possam produzir melhoras.

Por outro lado, como se sabe, o ser humano foi e é espero, inteligente e assim consegue fabricar armas, desde as facas até as de destruição em massa. Assim, crescem os crimes. As armas nucleares podem agora destruir toda a civilização. A sociedade e a civilização global têm de criar os obstáculos necessários, mas não se sabe se isso será possível, no tempo necessário, para que a “morte matada” seja bem menor do que a provocada por doenças e alterações do meio ambiente.

Quando a CIA mata ou manda matar um inimigo, escreve que não assassinou ninguém, mas apenas o neutralizou. Sempre os EUA lutam com as forças da paz, pela liberdade daqueles que não sabem usar bem as liberdades de expressão.

Assinala Eduardo Galeano em "O Século do Vento": “O Departamento de Estado dos Estados Unidos decide suprimir a palavra assassinato de seus relatórios sobre violação de direitos humanos na América Latina e em outras regiões. No lugar de assassinato, deve-se dizer: ilegal ou arbitrária privação de vida”. Vejam até onde pode chegar a negação da morte e da violência próprias das ditaduras.

Procurei evitar citar o nome dos envolvidos, dos países, das ditaduras, das revoluções e das resistências. Sempre houve conluio entre o alto clero, os generais bem graduados, de todas as forças armadas, e o fantástico e negativo auxílio do maior sistema democrático, o dos Estados Unidos.

Como já enfatizei, praticamente todos os presidentes desse país uniram-se às forças locais, em interferência direta na política e nessas sociedades, em geral pobres, tristes e pouco desenvolvidas. O pretexto foi criar uma nova onda bem distante do marxismo e do comunismo. Sempre houve muito interesse, até militar, nesses lugares de fome e concentração de renda. Sempre foi importante uma democracia ilusória bem feita.

CAMINHO GELADO

Imensa brancura.
Ursado, no azul cercado,
branco caminho gelado.
Iceberg morrendo, descuidado.
Desventuras ursado.
O mundo todo desabado.
Busca-se calor, calota gelada.
Até servir nada, com calor,
Zigzag mesclado, ao nada.
Ursamente vazia.
Nem silêncio, nem eco.
Silêncio, branco e azul.
Imensidão gelada, mais nada.
Parece um mundo que acaba.

Carlos Roberto Aricó

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