151. A medicina no mundo de hoje
Existe naturalmente medo de qualquer coisa nova. No caso da vacina, mesclamos desejo e temor. Em todo o planeta o sentimento é similar. As teorias conspiratórias fazem parte do cotidiano das mídias sociais.
As fantasias modificaram a essência humana e, assim, o medo é reforçado junto com a negação da ciência e, portanto, a partir da ignorância. Não saber significa, de modo até estigmatizante, ter mais temor, e as atitudes conservadoras vencem qualquer vocação para transformar. A checagem científica de cada coisa nova é muitas vezes alimentada por enganadores e mal-intencionados e, dessa forma, acaba sendo malfeita. Os argumentos obscurantistas avançam no impiedoso ritmo da má fé.
Conforme já escrevemos outras vezes, questões religiosas, opinativas e histórias distorcidas criam inverdades. Por exemplo, ter ou não ter fé e esperança equivalem-se. Acredita-se ou não se acredita. Às vezes, se desprezam bases cientifica e outros estudos.
Escrevendo sobre vacinas, podemos afirmar que a credibilidade tem grande poder para gerar fortes impactos na civilização, tanto na atual como nas antigas. A história descreve com provas evidentes várias características que hoje parecem-nos exageradas ou espalhafatosas.
A prevenção das doenças transmissíveis, principalmente por meio de vírus, produz inúmeras interpretações na humanidade: desde as baseadas na ignorância até as alicerçadas nos saberes científicos, quase sempre mais complexos e de difícil compreensão.
Desde que existem vacinas, sempre houve o movimento contrário a elas, com evidente desprezo da ciência e dos estudos para uma boa interpretação rigorosa e verdadeira. Felizmente, esse movimento parece corresponder apenas a uma minoria dos indivíduos. Mas, atrapalha muito o desenvolvimento da sociedade.
Vale recordar que em 1998, há poucos anos, um médico chamado Andrew Wakefield descreveu mais de uma dezena de crianças com problemas gastrointestinais e autismos acentuados, depois de serem vacinados pela tríplice: prevenção de sarampo, rubéola e caxumba. Veja, leitor, um médico deveria valorizar o saber científico e, assim, promover bons estudos para o conhecimento humano.
Seu equivocado estudo complicou muito a utilização da vacina tríplice, pois foi publicado na revista "The Lancet", a mais renomada em questões médicas e científicas, até hoje. Somente em 2010 a revista desculpou-se publicamente, admitindo que o artigo em questão não tinha argumentos científicos apropriados.
O Dr. A. Wakefield teve seu registro médico cassado, com novas descobertas realizadas em 2005, na Inglaterra. Leitor, veja, nessa história está presente aquilo que infelizmente é possível até os dias de hoje, alimentando o movimento mundial contra as vacinas. Surgem daí teorias conspiratórias e anticientíficas bastante prejudiciais ao ser humano e a toda civilização planetária. A prevenção da Covid-19 com as vacinas disponíveis é bastante útil e necessária. Isso não possibilita dúvidas.
É preciso verificar por que algumas pessoas não aceitam vacinas, ainda mais uma nova, sem história e, dessa forma, não confirmada pela ciência de modo absoluto. Inicialmente, deve-se entender que nenhuma vacina, nem as já conhecidas, previnem qualquer doença de maneira absoluta. Entre 10% e 15% dos indivíduos acabam adoecendo. As pessoas às vezes não acreditam na eficácia e, desse modo, duvidam das vacinas disponíveis para a prevenção da Covid-19. Isso sem contar razões até religiosas. Dúvidas são comuns. Preconceitos, fantasmas e ignorâncias. Vamos vencer juntos e vacinados.
Sabemos que tudo e tanto é possível. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e nossos cientistas de imunização pesquisam, ajudam e descobrem melhor o que deve ser feito, com base na ciência, como sempre.
DESVIO
O vivo está à deriva.
Como sempre.
A morte, perto.
Estupidamente perto.
Fazer o quê?
Seguir regras possíveis.
Acompanhar o sabido.
À deriva, foge controle.
Do controle evitável?
Nunca se sabe.
Vamos tentar.
O acaso está aí.
Fazer o quê?
O possível, o impossível,
qualquer coisa.
Ainda.
Carlos Roberto Aricó
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