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150. A maioria e os outros

Costumamos tratar com evidente amor a maioria. As minorias, infelizmente, tratamos com algum ódio, como nossos inimigos, que não merecem nada de bom. Nossa democracia costuma ser estruturada nesse conceito próprio da realidade humana. A civilização para nós é muito boa e caminha na estrada certa, quando é semelhante, quando não difere tanto dos modelos humanos desejáveis.

A tradição é bonita quando diz respeito a nossa história. Senão, não vale a pena pensar e referir-se a costumes passados. A família é parte de nós mesmos.

Assim amamos e odiamos sem racionalidade alguma, sem critério lógico também.

A democracia parece ser o melhor sistema político, apenas o poder não se modifica em quase nada. Não valoriza e não deve encontrar o complexo caminho do indivíduo até a civilização. O sujeito e o coletivo estão plenos de imperfeições, basta querer vê-las. Mesmo acreditando serem utópicas, as fronteiras não deveriam existir. Passaportes, vistos, documentos, nada significam e causam muitas vezes sofrimento sério e profundo, como será narrado posteriormente.

O mundo deve incluir sempre os diferentes, as minorias, as exceções. Toda sociedade deve ser inclusiva, mesmo isso sendo muito difícil.

As mudanças verdadeiras parecem ser impossíveis. As armas brancas, depois a pólvora e as armas radioativas (ogivas nucleares) pedem que o amor as negue. O amor significa, antes de mais nada, o abandono das armas. Nada pode em um futuro - que talvez não chegue nunca - ter elementos para a destrutividade do homem.

Produzir flores e nunca fabricar armas. Isso parece algo tão impossível nessa nossa civilização que cada vez mais se afasta da natureza, do bom senso, do razoável e digno.

Existe um livro de Freud escrito em 1920, “Além do princípio do prazer”, onde o pai do saber psicanalítico fala sobre as pulsões, que substituem os instintos. Já escrevemos sobre elas: Éros e destrutividade. Amor e morte. Busca de estruturas complexas e mortes (túmulo), retorno ao inominado.

Sabemos que temos que suprimir muitas coisas para se fazer qualquer civilização. Porém é nossa única chance para fazer o mundo melhor. Para o uso de nossa liberdade e da nossa inteligência. Uma tarefa das mais complexas e mais necessárias nas buscas de um mundo melhor, onde o. respeito vença a desigualdade e se faça verdadeiro. Difícil progresso. Nem por isso não precisa ser ignorado, como utópico e onírico. Sabemos que melhorar a civilização é dever de todos, mas é complicado esse dever. Mesmo que tão necessário.


ESTRANHO

Um mundo parado.
Sonho, não há tempo.
Nada de espaço.
Sem compasso, sem paço.
Sem posse. Nem pose.
Nenhum passo.
Silêncio.
Sonho ou pesadelo?
Tanta gente.
Nada presente.
Precente-se enredo.
Mesmice e medo.
Alvorada forte.
Cimo de vida eterna.
Sem norte, sem porte,
a noite chega outra vez.

Carlos Roberto Aricó

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