142. Mundo atual 2
27/07/2021
Chomsky, com a sabedoria de sempre, questiona a ideologia utópica do neoliberalismo de décadas, que modifica a luta de classes e permite a concentração de renda. Tomara que um dia as revoltas das pessoas organizadas não utilizem a violência, se possível, para a transformação do planeta.
Quero deixar claro aqui que onde nasci gostaria de nascer novamente. Sou brasileiro no corpo e na alma. Adoro samba e futebol. Sofremos todas as injustiças políticas de décadas. Somos de carne, osso, músculos e cérebro. Porém, para os economistas de plantão somos apenas números frios inconformados. Os políticos estão sempre na busca dos votos necessários para a reprodução ou manutenção das mesmas leis. Dos banqueiros, são numerosos os devedores e poucos os credores.
Personagens. Não somos pessoas com nomes, famílias e amigos. Números acomodados e uma duvidosa estatística democrática fracassada. O despertar para uma nova realidade nunca acontece nessa precária e mítica civilização, na qual até os poucos livres buscam também ser livres: o maior valor da modernidade. A justiça para todos só serve para alguns.
Democracia, voto majoritário e liberdade querem explicar tudo, e o aumento das contradições revela um sistema neoliberal fracassado. O poder, em última instância, é claramente associado à violência, às armas cada vez mais evoluídas. Os sonhos são pesadelos, no despertar para o nada, para o negacionismo, para a desrazão, para o acaso, para as trevas. Esperança e luz seguem longe. Seguem muito distantes.
Já faz alguns anos que não é necessário que se produza muito de qualquer coisa. Até as coisas necessárias de verdade. Assim, um ótimo engenheiro pode não querer associar-se com a economia voltada a produzir dinheiro. A produção pode ser feita mais rapidamente pelos economistas e a fabricação verdadeira de bens procura gastar menos onde a mão de obra é “mais barata”, quase escrava e desprotegida de leis trabalhistas rígidas. Fabricar dinheiro significa nada produzir, mas vemos empresas no mundo todo ganhando mais e produzindo nada. Apenas papel, dinheiro, lucro. Papel utópico sem significado verdadeiro.
Inventaram até o mercado futuro. As diferenças entre as classes sociais não significam dominar os meios de produção: propriedade privada, máquinas, sementes, alguns indivíduos mal pagos. Os banqueiros lucram muito produzindo nada.
Os tempos atuais vão gerando a concentração de rendas, as contradições, as armas poderosas e a pequena produção de alimentos saudáveis para uma enorme população planetária. Já foi refletido anteriormente tudo isso. A civilização é plena de contradições até selvagens, no mau sentido. Ignora-se o meio ambiente e muitas vezes ele é destruído de modo irrecuperável. Matas, água potável, diversidade e mistura do bom com o ruim na natureza. Assim, surgem as epidemias, as pandemias e as doenças. O social e a sociedade vão desaparecendo num eterno cenário de guerra e batalhas sem vencedores. Voltaremos antes do tempo ao pó, nesta precária civilização, neste enorme cemitério.
Prezado leitor, parece-me claro que não podemos abraçar extremismos e sim melhorar as coisas principalmente no universo econômico. Existe um papel para os bancos, que é comercial, legítimo e garantido pelos governos. O produto é o dinheiro que se origina como instrumento de troca entre outros produtos. Para o banco existir, é claro, deve obter lucro. O banco tem sempre vários tipos de investimento que operam com riscos. Pode ganhar ou perder muito e, ao menos em termos teóricos, não merece proteção governamental nenhuma. Objetiva lucro, e isso é considerado saudável. Objetiva, como o investidor, ganhos e dividendos, inclusive no mercado futuro. São coisas comuns para os grandes economistas do planeta, defensores da prática neoliberal e do mercado livre.
Acontece que praticamente em todos os bancos, o papel comercial e o de investimentos caminham e originam essa “nobre" instituição. No meio de todas as confusões, nomes garantidos ou não, e os mercados de produtos até inexistentes. É difícil para nós entendermos tudo.
Fundar um banco ou assaltá-lo, sem considerar questões éticas, é praticamente a mesma coisa, com as diferenças jurídicas envolvidas. Assim, permanece quase tudo igual. É claro que os banqueiros vivem bem melhor do que os outros cidadãos também “livres”.
Mercado livre e tantas outras liberdades dão mais poder aos políticos e empresários, que mudaram as leis próprias para cada país. As instituições jurídicas vão pronunciar o certo e o errado.
?
O trânsito.
Transito, lugar
bem esquisito.
Persisto ao saber
Insisto, ao saber do rito,
esplendor do circo.
Não tem jeito:
peço pinico.
Continuo aflito.
Descrito, bem descrito,
esse mundo interno
hoje infinito.
Carlos Roberto Aricó
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