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131. Palavras e realidade

11/05/2021

Palavras significativas produzem eco e modificam os ouvidos e o coração. Coisas boas e coisas más originam palavras na boca do ser humano. Soltas ou juntas, articuladas ou não.

Compreensão procura a semântica, o verbo e sua significação possível, mas sempre afastada da realidade dos fatos. Para que servem as palavras? Qual a diferença entre elas? E a tradução? São diferentes ou iguais, pois nada dizem do dizer objetivo.

Luz ou sombra nas frases faladas e nas escritas e até nas escrituras sagradas dos livros religiosos.

Como se sabe, há muitas coisas que não encontram palavras. Não existe sempre representatividade. A realidade objetiva e os fatos muitas vezes não são compreendidos nos nomes. Os nomes, as palavras, vêm depois, e isso torna mais difícil a comunicação entre os indivíduos.

Fatos e coisas do mundo, não tendo palavras, criam um espaço próprio de ideologias e mitos. Tudo pode ser interpretado. E, às vezes, nem palavras existem.

Vamos, se for possível, falar daquilo que se fala. Escrever sobre o que se escreve. Dinheiro, palavras, tudo tão diferente da realidade objetiva, da produção de coisas concretas. Tudo virtual e intermediário.

Medo e esperança. Duas palavras que mobilizam o ser humano e praticamente tudo que existe neste mundo complexo, cheio de contradições. Duas palavras que são postas, quase excludentes do merecido, hoje cada vez mais virtual e afastado dos caminhos produtivos.

Sociedades de gente marchando por todas estradas do planeta. Hoje não é preciso produzir nada no campo da realidade objetiva. O dinheiro, que significa troca de trabalho por algum produto ou serviço, ele próprio pode criar, no seio das especialidades, uma nova realidade econômica. Não precisa mais ser real e objetiva. Pode ser uma realidade apenas monetarista.

Os bancos cuidam de dinheiro, e isso não é pouco. Entre roubá-los ou fundá-los, na realidade objetiva, no mundo como trabalho, produção e fatos, o lugar da especulação é negativo.

É bastante necessário que o ser que produz algo útil seja considerado importante. Isso nunca tem visibilidade onde se reconhece e se percebe com a clareza das evidências. O que é aparentemente oculto continua sempre e cada vez mais oculto. Os aspectos mais visíveis da luta de classes, da política e da economia permanecem escondidos nas sombras do sistema capitalista que envolve nossa sociedade.

A visibilidade e clareza são coisas dos comunistas de plantão. É importante escurecer em trevas, no escuro, atrás da realidade, tudo que pode ser relevante.

Os jornais, os televisores, os livros, os nossos ouvidos, a nossa escola nunca podem ser evidenciados com a profundidade necessária. Parece que alguns percebem. Os esquisitos, os loucos, aqueles que fogem das leis determinantes do mundo.

Todos os sistemas políticos, organizados ou não, refletem as leis que determinam o mundo atual.

As verdadeiras mudanças causam medo, angústia sobre o futuro. É melhor tudo ficar igual e sempre. Os políticos falam de mudanças. Depois, no poder, são eles que mudam. O dinheiro de poucos faz a maioria calar-se dentro das leis.

Os pobres continuam pobres com capitalismo, marxismo e outras possibilidades. Marx deve, mesmo já morto, sorrir para os absurdos da civilização. Devemos e necessitamos modificar aquilo que, infelizmente, está aí, no esplendor de todas e todos os injustiçados. Ou seja, a grande maioria dos seres humanos.

Há muitos séculos ocorre a luta entre civilização e barbárie. Infelizmente os crimes e genocídios acontecem. No Rio de Janeiro pelo menos 28 pessoas foram massacradas. Conflitos, vitórias do mal, alegria de comandantes policiais, infelizmente acontecem. As opniões são bem divididas, mas deveríamos discutir coisas melhores para nosso tão sofrido planeta. O vírus do ódio parece ser mais letal que pandemia de hoje. Polarização e ódio devem perder para o amor, assim como a violência para a ternura. Tanto a dor, como a morte, deveriam sempre ter causas naturais.

A quebra das patentes para a produção de remédios, vacinas e outras coisas boas para a humanidade, dificilmente melhorou nosso mundo. A fabricação não é liberada e assim as melhorias possíveis não conseguem e não podem acontecer de fato. O planeta caminha mal, como há tantos tempos. As normas, as leis, as regras permitidas, nada disso pode facilitar a sociedade e melhorar os indivíduos. Tudo acaba sendo politizado e nada melhora além dos fatos já estabelecidos e sobretudo permitidos por aqueles que podem mais. Algumas elites nem sempre identificadas mandam na evolução e no progresso da tecnologia.

SONHO

Sonhei-me floresta.
Produzindo poemas.
Palavras, rimas, versos,
pequeno galho.
Sou a folha.
Que fugiu do tempo.
Voou, muito alto voou.
Ninguém percebeu.
Apenas fugiu do tempo.
Pertence ao acaso.
Acaso em significação.
Nada a dizer.
Nada de sentido.
Acordei-me floresta.
Produzindo esperança.
Sem dizer nada, sem medo
Sem angústia, e sem poesia.


Carlos Roberto Aricó

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