125. Moisés e o monoteísmo 2

30/03/2021

Freud chamou, como você leitor já sabe, de trauma na etiologia das neuroses os sintomas que surgiram a partir do início da infância até cerca de cinco anos. Aqui, observa-se um sujeito desejante, um objeto desejado e alguma coisa muito forte que frusta e proíbe a relação do desejo: o pai, Deus, religião. É importante recordar que a circuncisão lembra muito a castração. Complexo de Édipo e Complexo de Castração ajudam a bloquear o desejo humano. Assim, surge aos poucos a civilização, deixando a barbárie de lado.

O toteísmo faz a primitiva forma de religiosidade. É possível que o remorso pelo assassinato de Moisés tenha estimulado a fantasia do Messias para conduzir o povo e alcançar o prometido domínio do mundo. Os judeus sempre acreditaram ser os escolhidos de Deus. A circuncisão reforçou essa hipótese.

Na psicologia individual e de grupo, existem vestígios, às vezes até poderosos, de castração como sacrifício feito em nome de Deus. Assim, se civiliza.

A grande idealização religiosa entre os antigos semitas originou-se de Moisés como um Deus e o rei egípcio Aquenáton. Isso reforçou o narcisismo e a autoestima desse “perfeito" povo escolhido e santificado na memória e na vida de tantos indivíduos.

Moisés transmitiu aos judeus um senso de exaltação. Eles criaram a ideia do povo escolhido por Deus. Muito antes, os povos não acreditavam nisso. Esse grande protótipo de figura paterna foi o símbolo do homem perfeito e ele ajudou muito os aspectos de racionalidade nas civilizações. Só no Iluminismo a razão foi novamente tão valorizada. A Bíblia, é claro, ao falar das leis de Deus, entregues a Moisés no Monte Sinai, reforçou muito o seu poder divino e até o monoteísmo envolvido. A tradição e a história fizeram a crença em Deus como criador do universo e em Moisés sobre o proibido e o aceito. Este representa o amor e o ódio relacionados com a figura de poderosa do pai.

Na próxima semana o texto será sobre O futuro de uma ilusão.