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117. A psicologia do ego, do superego e da realidade 3

02/02/2021

Os indivíduos e a civilização devem fazer contratos bons, aperfeiçoando os métodos e assim constantemente melhorar. O combate à violência nesse contexto é sempre necessário e oportuno. O enorme respeito ao meio ambiente deve ser incentivado e deve haver leis para as devidas proteções. O planeta sofre e inclusive todas as elites podem um dia não ficar impunes. No momento, a Terra sofre para a maioria das pessoas depois para quase todas. O nada e a maldade, em essência, não pertencem à ética psicanalítica, mas, é claro, fazem parte do ser humano e da civilização presente e futura.

O equilíbrio sobre o qual estou narrando diz respeito ao conservadorismo de um lado e ao liberalismo de outro. Só que devemos conservar o planeta. Este deve continuar existindo, independentemente da organização política envolvida. Por outro aspecto, deve-se sempre avaliar nossas possibilidades para a liberdade florescer com pouco mais de força e viço.

É fundamental existir uma instituição global que reúna mais poderes. No momento, a ONU, infelizmente, vai enfraquecendo, e isso me parece bem negativo. Os nacionalismos devem sempre existir. Entretanto, em seu contexto universal, é preciso que as violências possam ser controladas e até evitadas pela força dessas instituições multilaterais poderosas. Seria desejável que até as armas diminuíssem, fossem cortadas e até, utopicamente, talvez desaparecessem. É claro que estamos bem longe disso tudo.

Ainda não se sabe o que é melhor para uma nação e menos ainda para o mundo, que sofre, e muito, como já foi amplamente observado. Tem de haver esperança de um planeta positivo, onde a civilização permita aos indivíduos uma liberdade criadora e necessária para benefício inclusive de toda essa amarga civilização. Nem a claustrofobia dos espaços apertados, nem a agorafobia e o medo da amplitude. O indivíduo deve respeitar o Estado e este não pode viver defendendo-se dos sentimentos humanos que constituíram nosso mundo interior. Liberdade de um e liberdade de outro, e assim vai se fazendo a organização política e a organização social.

Já visitei a Ágora ateniense, e minha imaginação levou-me aos tempos antigos dos filósofos que fizeram parte do pensamento ocidental. Tempos e espaços abertos para reflexão necessária para inventar até um planeta bem melhor. Hoje, para trabalhar, quase diariamente, utilizo-me de elevadores e fico imaginando uma claustrofobia que felizmente não acontece. É claro que sou tudo o que se passa e ainda me percorrem minhas lembranças estruturantes na memória. Nesse estranho e ao mesmo tempo grandioso universo de minhas fantasias, vivo, imagino, sonho e acordo num mundo bem complicado.

Para finalizar esse texto acerca das relações do Ego com o Superego e com a realidade externa, ou seja, do mundo interno com o externo do lado humano, como temos observado com os outros homens e também com a cultura, cito explicitamente Paul Roazen, ao escrever sobre certas diferenças sociais e culturais importantes:

"Diferenças culturais
Apesar de sobejamente conhecidas as opniões de Freud sobre a importância de liberar as energias sexuais do homem e sobre a origem da cultura na renúncia dos instintos, é frequente os críticos acusarem-no de ignorar as forças culturais. Mesmo tendo se preocupado, em todos os seus trabalhos, com o equilíbrio entre as exigências da civilização e as necessidades do individualismo, muitos comentaristas o consideram cego aos fatores sociais e à transformação histórica. Há muita psicologia revisionista fundamentada nas teorias de Freud consideradas como sendo culturais. Isso é o suficientemente importante para exigir maiores estudos.

Uma das explicações das descobertas de Freud jaz indubitavelmente no caráter do Império Austro-Húngaro. “A discrepância entre a ideologia oficial e os fatos da realidade política podia bem levar ao enfraquecimento da confiança na realidade das palavras, dos slogans, das declarações das autoridades, e tendia e encorajar o desenvolvimento do espírito crítico.”
(Páginas 167 e 168 do livro, Freud pensamento Político e Social. - Paul Roazen)



Na próxima semana o texto será sobre os novos tempos.

AINDA VIVO?


Vivo, agonia serena.
Desespero calmo.
Nada sei ainda,
que pena.
Falo, canto, choro.
Imploro, e daí?
Mas...

Absurdamente vivo,
ao menos o pulso e
respiração dizem sim.
A temperatura corporal também.
Colho algo estranho nesse frio jardim.

Colho tanta história,
sem glória o implacável fim.
Com glória, o nada, o vazio,
ornados com o invisível.

Vivo nos intervalos,
nos ruídos, nos ritmos,
na solidão.
Vivo no silêncio,
esbarro no chão.

Vivo no tempo paralisado,
no metafísico vão.
Falo como sempre
muito alto.
Bem alto a conhecida
indiferença.
Sem religião,
sem crença.

Nada importa.
Janela ou porta,
abrindo-se para mim.
Tantas comportas fecham
minha imaginação.

Vivo, insisto, nunca desisto.
Pra quê? Por quê?
Vivo sendo escondido no ocaso,
perdido no acaso.
Vivo escondido no ocaso,
partido no acaso.
Sem partido algum.

Vivo, descompassadamente.
Vivo. Gravito meu infinito.
Gravito em soneto póstumo.
Gravito, como gravito,
um malabarismo sempre aflito.
Significado bem esquisito.


Carlos Roberto Aricó

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