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116. A psicologia do ego, do superego e da realidade 2

26/01/2021

A ética, ou moral, provavelmente está acoplada a uma parte do Ego e Superego. O meio circundado - pai, mãe, família e cultura - vai marcando influência importante no desenvolvimento do bem e do mal para cada um de nós. Narcisismo de vida e de morte mescla-se a critérios éticos no cerne do psiquismo humano, demasiadamente humano. Não podemos esquecer que dentro de cada um de nós existe um representante civilizatório: o Superego.

Como são difíceis as tarefas do Ego. Também se deve levar em conta o sentimento de culpa criado dentro de cada um de nós pelo desejo de ocupar o lugar da autoridade, do pai, do líder. Fantasias destrutivas sempre existiram, até de matar. Democraticamente, por votação pela maioria ou pelo vale-tudo. A culpa é óbvia e se relaciona com o Superego. Da imaturidade dos sentimentos hostis a figuras importantes de nossa vida, vamos criando narcisismo mais adulto, com mais respeito dentro de nossa eterna mesmice. Só algum autoconhecimento pode auxiliar. Tanto o Ego como uma parte sua do Superego são, como temos constatado, sedes de enormes conflitos humanos.

As pulsões sexuais e agressivas vão gerando fantasia que não podem ser externadas, pois existem as leis e moral na sociedade civilizada. Freud enfatizou essa enorme vicissitude para a boa administração dos impulsos. O mundo interno do indivíduo deve fazer dentro de si inúmeras experiências, para realizar somente algumas, a não ser nas psicopatias e nas psicoses. A pessoa que cerceia tudo perde também em geral sua própria criatividade. Inúmeras vezes o indivíduo que se proíbe tudo torna-se razoável, mas indiscutivelmente medíocre.

O genial pai da metapsicologia pensava muito na liberdade face aos impulsos e como era difícil realizá-los plenamente. Tanto a psicoterapia como a psicanálise não podiam fazer o indivíduo expressar diretamente impulsos não civilizados, como sempre. Porém, ele reconhecia que o negativo de tudo era a própria proibição. O mundo interno de cada um de nós não permite muitas vezes nenhuma fantasia ligada aos impulsos. É claro que, politicamente, as mudanças do social podem criar mais ou menos liberdade. Nisso Freud acreditava. Realiza-se na realidade exterior e isso esbarra nas leis das culturas, nas famílias e na civilização, que, como vimos, possuem as características superegoicas poderosas. Nosso ideal e o que não podemos fazer para alcance desse ideal não são permitidos. Não há liberdade na civilização, alias, em nenhuma delas.
Hoje, sabe-se com muita clareza, acredito eu, que se cada um de nós, humanos, conhecer com mais profundidade tanto o mundo interno como suas implicações no externo, podemos transformar aquilo que não pode ser externado em algo criativo, ou até mesmo realizar algum pedaço disso, uma parte da pulsão. A psicanálise não educa, mas, ao criar francamente mais conhecimento, pode facilitar as coisas para o indivíduo. Pode ajudar o ser humano a ser mais livre, ao menos dentro de si. Tornar consciente o inconsciente e colocar Ego onde era ID permite que se enxergue melhor nossas reflexões, nossas fantasias e nossas liberdades. Não se trata, como sabemos, de uma educação simples e é transmitida ao longo de muitas sessões.
Como também vamos entendendo, a liberdade ou a repressão nunca podem ser absolutas. Os impulsos agressivos e os sexuais não podem destruir a sociedade e nem podem psicopatizar os indivíduos. Certo equilíbrio entre a razão e as emoções deve continuar existindo, é claro, com modificações necessárias em um contexto cada vez mais complicado e mais difícil. A democracia com populismo é péssima, porém ainda é preferível a algum totalitarismo, que nem sempre terá coisas corretas no meio de corrupção, princípios ruins e tantas outras coisas não desejadas pela maioria. É claro que a minoria não pode ser extinta. Existe e deve continuar existindo, apesar de tantos erros totalitários envolvidos.

Na semana que vem encerrarei esse tópico com o terceiro texto.

JOGO 
 

Defesa ou ataque. 
Medo ousadia. 
Sonolento o craque. 
Gols, alegria, goles. 
O copo no chão. 
 
Surdo baque. 
Som, tom, ritmo,  
triste atabaque. 
Num mendigo de fraque. 
Milionário no achaque. 
 
Medo ou ousadia,  
dia a dia só almanaque. 
Fala-se com desprezo. 
Palavras pobres,  
palavras fracas,  
mais um eterno sotaque.  


Carlos Roberto Aricó

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