105. A síndrome demencial
29/09/2020
Alguns indivíduos nunca tiveram boa cognição e inteligência. Sofrem atraso no desenvolvimento mental. Hoje narraremos um pouco sobre aqueles que perderam a cognição. É claro, trata-se de uma síndrome de natureza mental crônica e progressiva, que foi diminuindo o poder intelectual do indivíduo, que já não consegue um bom julgamento, o controle emocional não é realizado, a linguagem bastante comprometida. Tudo isso não pode ser apenas temporário, mas sim, deve existir progressivamente alguma parte orgânica do próprio cérebro que faz surgir os sintomas e, deste modo, diminui a aptidão do indivíduo para uma vida equilibrada e comum.
De modo bastante resumido, essa síndrome diz respeito à doença de Alzheimer, ou doenças circulatórias, vasculares e outras doenças menos conhecidas que afetam o cérebro.
A demência prejudica a alimentação, a limpeza, a higiene. O indivíduo agora é estranho e não consegue obter êxitos e tarefas simples do dia a dia. Já é uma caricatura ruim de si mesmo.
As vezes não possui outros sintomas, porém muitas vezes apresenta sintomas claramente alucinatórios ou delirantes. Pode ser a evolução de quadros depressivos graves, porém isso não minimiza em nada o sofrimento negativista que faz-se presente em atitudes cotidianas.
Inicia-se na vida adulta e na velhice, e sempre existe nas demências uma alteração significativa da parte orgânica cerebral. As vezes não é observado o aspeto sintomático não orgânico, o que não significa neurônios sadios.
Os dementes em geral, encontram-se não adaptados aos traumas diários, como já narramos e, assim, fica mais difícil a possibilidade laboral mesmo que tenham sido bastante inteligentes.
A demência na doença de Alzheimer infelizmente é grave e sua etiologia, embora muito estudada, é desconhecida. Sabe-se que as sinapses neuronais são muito prejudicadas pela produção excessiva e pelo isolamento do contato neuronal por intermédio de substância amilóide. O resultado clínico disto é o que todos conhecemos. Costuma-se tratar apenas alguns sintomas: produzir menos delírios e alucinações, dormir melhor. É pouco, muito pouco, nessa doença frequente e de evolução gradativa e constante. Com frequência, pode ter início precoce, antes de 60 anos, evolução rápida e muitos transtornos adaptativos.
“Os seguintes aspectos são essenciais para um diagnóstico definitivo:
a) Presença de uma demência.
b) Início insidioso com deterioração lenta. Embora o início usualmente pareça difícil de ser determinado no tempo, a percepção pelos outros de que os déficits existem pode ocorrer repentinamente. Um aparente platô pode aparecer na progressão.
c) Ausência de evidência clínica ou achados de investigações especiais que sugiram que o estado mental pode ser decorrente de outra doença sistêmica ou cerebral, a qual possa induzir uma demência (p. ex. hipertireoidismo, hipercalcemia, hidrocefalia de pressão normal ou hematoma subdural).
d) Ausência de início, apoplético, ou de sinais neurológicos de lesão focal, tais como hemiparesia, perda sensorial, defeitos do campo visual e incoordenação, ocorrendo precocemente na doença (embora esses fenômenos possam se sobrepor mais tarde)”
(p. 47 e 48, CID-10, 1993).
A demência vascular, antiga arteriosclerose, inclui infartos múltiplos no cérebro, pouco comprometimento da consciência, paresias fugazes, memória e pensamento prejudicados. Surge predominantemente na velhice. Os infartos são pequenos, duram pouco e muitas vezes há certa hipertensão e irritabilidade. A trombose e a embolia, em alguns episódios mais graves de infarto, podem alterar o cérebro, definitivamente. Há sempre morte de neurônios que não se recuperam mais.
"O diagnóstico pressupõe a presença de uma demência, como descrita acima. O comportamento de função cognitiva é comumente desigual, de modo que pode haver perda de memória, déficit intelectual e sinais neurológicos focais. O insight e o julgamento podem estar relativamente bem preservados. Um início abrupto ou uma deteriorização gradual, assim como a presença de sinais e sintomas neurológicos focais, aumentam a probabilidade do diagnóstico; em alguns casos, a confirmação pode ser obtida somente pela tomografia axial computadorizada ou, finalmente, pelo exame neuropatológico.
Aspectos associados são hipertensão, sopro carotídeo, labilidade emocional com humor depressivo transitório, choro ou riso explosivo e episódicos transitórios de obnubilação de consciência ou delirium, frequentemente provados por infartos subsequentes. Acredita-se que a personalidade esteja relativamente bem preservada, mas, em uma proporção de casos, as alterações de personalidade podem ser evidentes, com apatia, desinibição ou acentuação de traços prévios, tais como egocentrismo, atitudes paranóides ou irritabilidade.” (p. 50, CID-10, 1993).
Há muitas outras doenças e causas de demência cerebral: doença de Pick, Huntington, Creutzfeldt-Jakob. Também o HIV, o uso de substância psicoativas (por exemplo, álcool) e até disfunções cerebrais e doenças físicas. É claro que outros especialistas, além do psiquiatra, devem ser procurados. Até traumas crônicos e repetidos podem gerar demências do ponto de vista neuronal apenas, pode-se dizer que já tiveram riqueza cerebral e, na atualidade, foram aos poucos empobrecendo. Há situações traumáticas, ou até tóxicas, graves que determinam quadros demenciais
Na semana que vem o texto será sobre deficiência intelectual.
TORTURA
Caia…
Muita gente caía.
Outros nasceram caídos.
Suas visões de mundo:
míopes ou cegas na alma.
Caia…
Muita gente decente
caía.
almas e armas
na história.
E nos rituais da memória,
a glória também caia.
Agonizantes,
incógnitas sepulturas
compostas de razão
e loucuras.
Muita gente caia.
Os milicianos
os policiais
prestavam contas
às ditaduras.
Pura invenção
dos medíocres,
onde morreram ternuras.
Poesia de minha autoria.
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