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104. Canabinol nos transtornos mentais

22/09/2020

Parece-me óbvio que muito mais gente faz uso de maconha e similares na nossa civilização do que são feitas as pesquisas necessárias para um entendimento dos caminhos da esquizofrenia, ansiedade, depressão e outros transtornos. Acredito até que parte dessa falta de estudos talvez tenha a ver com certos preconceitos envolvidos. Mas, não parece ser somente esse o grande motivo.

Em outra narrativa, sugeri até que não existisse criminalização de algumas drogas. Assim, a polícia, bem como certas forças repressivas, poderia atuar menos e o saber científico seria melhor estruturado.

Tanto o canabinol como o THC (tetra-hidrocanabinol) são utilizados como instrumentos recreativos pela população mais jovem. O tabagismo e o alcoolismo também são comumente observados. Os prejuízos são enormes. Entretanto, como se sabe, até a alimentação pode produzir obsessão e, assim, prejudicar a vida dos indivíduos. A forma e a qualidade do uso de muita coisa podem ser mais fatais, como sabemos, e apresentarem muito mais riscos para a saúde. Brincar com a maconha pode significar apenas brincar. Em outras histórias, pode significar vício e até mesmo morte. As comorbidades costumam ser frequentes e destrutivas.

Os fármacos canábicos podem ser utilizados como antipsicóticos e, dessa maneira, diminuir os transtornos esquizofrênicos. É necessário que se faça mais pesquisa para melhorar o conhecimento desse espectro psicótico e o da melhora psíquica.

Há cerca de poucos dias, a própria ANVISA liberou o uso de canabinoides no Brasil. Como sabemos, podem não servir para todos os transtornos. Em algumas formas de epilepsias, devem ser utilizados no tratamento de convulsões associadas à Síndrome de Lennox-Gastaut e à Síndrome de Dravet.

As concentrações de canabinoides não são relevantes na Cannabis índica e na Cannabis sativa, mas são expressivos o THC e particularmente o canabidiol. Porém, tudo deve continuar sendo estudado. Como em todas as outras drogas, existe resistência de cada indivíduo, que pode querer ou não fazer estudo ou se submeter a tratamento. Também é difícil pensar-se na monoterapia ou associações com outros psicofármacos de modo rígido, pois os tratamentos devem ser individualizados.

As pessoas que utilizam maconha podem raramente apresentar surtos psicóticos. Em geral, apenas têm uma alegria nos sentidos, de aspecto recreativo. Se alguém tiver tendência a psicose, pelo uso, deve ser avisado e fazer psicoterapia associada com psicofármacos. Esta tem sido minha recomendação mais frequente.


Na semana que vem falarei sobre as demências.

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Já, me esquecendo de morrer
vivo e morro também.
Esperança sem lugar algum.
Esperança no tempo, no sem tempo.
Morto, vivo sem lugar.
Vivo sem sol,
brilhos apagados.
Deus ausente.
Deus sem poder.
Desaparecido entre astros,
sem rastros,
vivo e morto também.

Carlos Roberto Aricó

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